
“Cristo ressuscitou! Aleluia! Verdadeiramente ressuscitou, Aleluia!”, proclamou o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, na noite de Sábado Santo, 26 de março, ao presidir na Catedral de São Sebastião a Vigília Pascal, 'mãe de todas as vigílias', a mais importante celebração do calendário litúrgico cristão.
“Com o anúncio da ressurreição que acabamos de ouvir no Evangelho somos chamados a fazer a mesma coisa que os discípulos... Somos chamados a anunciar que Cristo Ressuscitou! O mundo com todas as suas dificuldades, mazelas e violências necessita desde sempre e hoje mais ainda de homens e mulheres que tenham encontrado com o Cristo Ressuscitado e sejam suas testemunhas. Diante de uma sociedade que se afastam dos valores eternos, o mundo precisa de homens e mulheres pascais que testemunhem que Cristo está vivo no meio de nós”, ressaltou o Cardeal.
Recordando o sentido da Páscoa, a vitória de Cristo sobre todas as situações de morte, Dom Orani convocou os fiéis a promoverem a vida em todas as suas instâncias, como dom de Deus.
“Celebrar a Páscoa é fazer essa experiência da passagem da morte para a vida, do pecado para a graça, com Cristo Jesus Ressuscitado. Somos chamados a estar no mundo, a ser presença no mundo, e a levar as pessoas essa bela experiência do período pascal, além de transmitir o que significa ser testemunhas do Senhor Ressuscitado levando as pessoas ao entusiasmo e demonstrando todo o dinamismo de um povo, de uma Igreja em saída, que anuncia o Evangelho do Senhor. Jesus ressuscitou, é necessário que este anúncio seja feito a toda sociedade através daqueles que realmente o encontram e fizeram Páscoa com Ele, exortou Dom Orani.
Cristo, luz do mundo
A primeira celebração oficial da ressurreição foi marcada por diversos elementos, remetendo os fiéis às promessas feitas por Deus no Antigo Testamento, até culminar com a definitiva aliança firmada pela morte e ressurreição de Jesus Cristo. A benção do fogo e da luz, uma longa liturgia da Palavra e o rito batismal prepararam os fiéis para a Ceia Eucarística, ponto alto da fé e da vida cristã.
No breve Lucernário (Liturgia da Luz) realizado do lado de fora, em frente à Catedral, com início às 20h, houve a benção do fogo novo, simbolizando o esplendor do Cristo ressuscitado, dissipando as trevas do pecado e da morte. Marcando a parte superior do Círio Pascal com a letra Alfa e na inferior a Ômega, Dom Orani também pontuou entre os braços da cruz as cifras do ano em curso.
Depois do Círio aceso no fogo novo, e, a partir do Círio, as velas de centenas de fiéis, ele foi conduzido através da nave da Catedral, em completa escuridão, parando três vezes e cantando a aclamação “Luz de Cristo”. Devido à sua importância na liturgia, a vela do Círio é utilizada durante todo o ano em diversas celebrações, principalmente nas sacramentais, sendo no tempo pascal colocada com destaque nos presbitérios das igrejas.
Já com as luzes acesas, o Círio foi colocado em local de destaque, incensado e, solenemente, foi entoado o canto do “Exultet”, a proclamação da Páscoa. Nele, a Igreja pede que as forças do céu exultem a vitória de Cristo sobre a morte, passando pela libertação do Egito e até mesmo agradecendo a Adão pelo seu "indispensável" pecado, motivo da encarnação de Cristo: “Oh feliz culpa, como disse Santo Agostinho, que nos mereceu um tão grande salvador”.
História da Salvação
Na Liturgia da Palavra houve a leitura de sete textos do Antigo Testamento, seguida de salmo e oração. Ainda a leitura da epístola de São Paulo aos Romanos, o solene Glória e o Aleluia, em verdadeira exultação pascal, cantado pela primeira vez desde a Quarta-feira de Cinzas, concluindo com a proclamação do Evangelho: “Não vos assusteis! Vós procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado? Ele ressuscitou. Não está aqui”, disse o anjo às mulheres.
As leituras bíblicas do Antigo Testamento descrevem momentos importantes da economia da salvação, desde a criação do mundo até ao seu ponto mais alto, a ressurreição de Cristo, história que continua até chegar ao seu fim, com a nova criação. Os textos sagrados manifestam as maravilhas que desde o início Deus realizou com seu povo.
Na homilia, Dom Orani recordou vários aspectos das leituras, dizendo que a redenção supera a criação, renova o homem, faz tudo novo. As trevas do mundo: as perseguições, os pecados, as mentiras, as divisões e até a morte não podem ser motivo de desânimo. Pelo contrário, pontuou o Arcebispo do Rio, dizendo que Cristo venceu todas as situações de morte.
"Celebrar a Páscoa é renovar toda a alegria no seguimento do Senhor, a renovação da vocação à vida cristã, de sermos sinais da esperança para o mundo. A luz de Cristo deve transparecer através de nossa vida, de nossas atitudes. Sabemos que o mundo tem jeito e pode ser construído nas bases do Evangelho. Com os pés no chão, somos chamados a ser portadores de uma boa notícia: que Deus amou o mundo e enviou o Seu Filho, que deu a vida por nós", afirmou Dom Orani.
Renovação das promessas batismais
A celebração foi marcada pela benção da água batismal com a imersão (a morte com Cristo) e emersão (a ressurreição com Cristo) do Círio Pascal, e a renovação das promessas batismais, com a aspersão da água na assembleia dos fiéis.
"Mais que contemplar a beleza da celebração, somos chamados a mergulhar com toda a fé no mistério da redenção e renovar as promessas batismais, apelo de todo o tempo quaresmal. Agradecemos ao Senhor pelo chamado à vida cristã, por poder viver a vida na Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo –, renunciando o pecado e vivendo como um homem novo", disse o Cardeal.
Vivo e presente no meio de nós
No quarto momento da Vigília Pascal, houve a liturgia eucarística, a mais importante do ano, quando os fiéis renovaram a presença do Cristo ressuscitado nos sinais do pão e do vinho.
Na ação de graças, Dom Orani foi homenageado pelo pároco da Catedral Metropolitana de São Sebastião, Monsenhor Joel Portella Amado, e recebeu um presente das Irmãs Missionárias da Caridade.
* Fotos: Carlos Moioli
26/03/2016 - Atualizado em 26/03/2016 23:05