
Nos jogos olímpicos de Londres, em 2012, aconteceu, pela primeira vez na história, a participação da população de rua na programação cultural oficial olímpica. Isso só foi possível graças a Matt Peacock, um crítico de Ópera inglês. Em 2000, Matt se deparou com uma situação chocante: ouviu um político afirmar que o comum era todos passarem por cima de moradores de rua quando saíam da Opera House, definindo-os como totalmente invisíveis. Desde então, ele almejou criar uma ópera especialmente com estas pessoas. E deu certo. Nasceu o Streetwise Opera, (Ópera dos Sábios da Rua). Logo depois, o With One Voice (Uma só Voz) que se expandiu e chegou ao auge em Londres 2012.
Rio 2016
Fazer parte de uma Olimpíada foi uma marca incrível para Matt, que resolveu repetir a dose. Para a Rio 2016, foi imaginado algo ainda maior.
Em uma vinda ao Brasil, em 2013, Matt Peacock conheceu Ricardo Vasconcellos, de 40 anos. Rico, como é popularmente conhecido, é músico e leciona a arte. Ele foi convidado por Matt para criar corais com a população de rua do Brasil. Depois de um intercâmbio, Rico começou o trabalho, que rapidamente deslanchou. Hoje, o projeto ‘Uma só Voz’ já conta com mais de dez sedes no Estado do Rio, e está na programação oficial da Celebra Rio2016. Dos dias 18 a 25 de julho, os corais se apresentarão em diversos pontos da cidade.
Superação
Na Catedral do Rio de Janeiro, uma vez por semana, os participantes recebem todo o suporte necessário: antes de ensaiar, tomam café da manhã, banho, e recebem palavras de incentivo.
“É o desenvolvimento da arte sendo feito através do canto. É uma história de motivação e superação” diz Rico.
Para ele, o maior desafio de montar corais com essa população é o fato de muitos desaparecerem, desfalcando o grupo. “Já ensaiamos dois meses e depois todos sumiram. Só ficaram dois”, lembra.
Desafios
Veterano na música, Macumba, como também é popularmente conhecido, educador no núcleo da Catedral, aponta a preocupação com cada morador que está compondo o coral olímpico. Ele contou que alguns são dependentes químicos, fragilizados física e emocionalmente, e por isso, foi complicado fazê-los entender o que se passa.
“Usamos a música para cativá-los, para que eles entendam a importância que estas apresentações terão, e que todos poderão ser vistos e ouvidos”, afirmou.
Novas identidades
O projeto tem trabalhado incessantemente para construir novas identidades para muitas pessoas que tiveram as suas perdidas no tempo. O foco do projeto é desenvolver a arte e ver a ponte de acesso ao coração das pessoas que carregam no rosto muita dor.
Para mais informações e programação, acesse: www.with-one-voice.com.
20/07/2016 - Atualizado em 20/07/2016 20:27