
Desde 1976, a Cáritas da Arquidiocese do Rio de Janeiro atua na proteção e na promoção social dos refugiados. É uma das parceiras implementadoras da Agência da ONU para Refugiados no Brasil e representa a sociedade civil no Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).
O arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, na companhia de seus bispos auxiliares, conversou com os refugiados ao visitar, no dia 10 de setembro, o Centro de Atendimento aos Refugiados, situado no Maracanã.
Acolhimento
De acordo com o diretor executivo da Cáritas, Candido Feliciano da Ponte Neto, a visita do cardeal arcebispo foi um gesto de sua preocupação com a quantidade de pessoa que no mundo se desloca de seus países de origem em busca de uma vida com segurança em função das guerras, de diversos tipos de violência, intolerância das pessoas e do uso abusivo do poder por parte dos governos.
Atualmente, a Cáritas atende dois grupos de pessoas. São 3,2 mil imigrantes com os status de refugiados constituídos pelo governo, e mais 3 mil que estão aguardando a decisão, chamados de solicitantes de refúgio. Os principais refugiados são procedentes da República Democrática do Congo, Síria, Nigéria, Libéria, entre outras nacionalidades.
“O nosso desejo, transmitido de forma acolhedora pelo cardeal, é que os refugiados possam ter no Brasil, no Rio de Janeiro, um novo lugar para que possam refazer suas vidas, depois de forçados a sair de seus países”, afirmou Cândido.
Solidariedade
Todo o trabalho desenvolvido em benefício dos refugiados, explicou o diretor executivo da Cáritas, é alicerçado pela Arquidiocese do Rio, e é um desejo pessoal de Dom Orani, e em nome dele é que fazemos tudo e buscamos encontrar os melhores caminhos para o resultado do nosso trabalho.
“É muito confortador encontrar-se depois de um tempo com refugiados que chegaram aqui cheios de problemas e com dúvidas de como seriam suas vidas neste novo país, e verificar que já estão trabalhando, morando com suas famílias, engajados na sociedade e na cultura. Isso nos enche de alegria. É o resultado que esperamos para todos”, disse.
O atendimento aos refugiados leva em consideração o sentimento humanitário, reforçou o diretor executivo da Cáritas, e ainda mais, porque é uma pessoa, um filho de Deus que chega sofrendo.
“Não perguntamos a religião que cada um tem. Não se trata disso. Queremos que se sintam confortáveis, que contem suas histórias e dificuldades. Só assim podemos trabalhar para conseguir o status de refugiados pelo governo brasileiro”.
Motivação
O diretor executivo da Cáritas recordou ainda que o trabalho de atendimento aos refugiados, embora já tenha uma longa caminhada na arquidiocese, foi reforçado com a sensibilidade humanitária e extraordinária do Papa Francisco.
“Certamente, enquanto cardeal de Buenos Aires, ele conviveu com situações humanas das mais variadas possíveis. Ele conhece o drama, e por isso, sua luta. O seu gesto é muito importante e motiva nosso trabalho”.
“Sonho um dia em que a Igreja no Rio de Janeiro, através das paróquias, dos colégios, de congregações, das comunidades e de muitas pessoas de boa vontade, possam se envolver mais com esse trabalho. Que as pessoas tenham o sentimento que estão ajudando uma pessoa, que além de pobre é perseguida. São almas que sofrem e precisam ver o testemunho evangélico da nossa Igreja”.
Testemunho
Existe a pobreza no Brasil, no Rio de Janeiro, mas essa pobreza é uma pobreza extraordinária, destacou Candido, de pessoas forçadas a sair do seu país deixando seus povos, famílias, cultura, bens e fugir sem nada, totalmente desprendidos e esperando encontrar uma vida nova.
“Existem pessoas e paróquias dedicadas, se entregando ao trabalho, mas precisamos avançar mais. A Cáritas não é de uma instituição que se candidatou para levar vantagem e se promover. É uma ação da Arquidiocese do Rio de Janeiro, uma ação pessoal do arcebispo e que faz com o único intuito de manifestar a força da humanidade do Evangelho, testemunhar o que Jesus ensinou”, concluiu.
Informações
Cáritas Arquidiocesana do Rio - Rua Francisco Xavier, 483, Maracanã. Telefone (21) 2567-4105.
Foto: Carlos Moioli
18/09/2015 - Atualizado em 18/09/2015 14:54