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Notícia - Nova Evangelização: um reavivamento para a fé dos cristãos

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“O SENTIDO DE UMA PERGUNTA”

Na sua primeira conferência no Curso dos Bispos, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, abordou “A Nova Evangelização: o desafio da Igreja no início do terceiro milênio”, destacando o sentido da pergunta “o que devemos fazer?”.

Para exemplificar o sentido dessa questão, Dom Rino destacou duas passagens bíblicas: a primeira no sexto capítulo do Evangelho de São João, quando a multidão é atraída para estar junto a Jesus não pelos ensinamentos, mas pela saciedade do alimento após o milagre da multiplicação dos pães. Nesse momento, a multidão pergunta, exatamente, “o que devemos fazer”. Aqui, Jesus responde sobre a necessidade de acreditar Naqu’Ele que fora enviado pelo Pai (Jo 6,29).

Esse questionamento também aparece no segundo capítulo de “Atos dos Apóstolos”, após o discurso de Pedro no Dia de Pentecostes, quando muitos perguntavam aos 12 discípulos: “o que devemos fazer?”. A resposta de Pedro é a mesma dita pelo Mestre, porém, com palavras diferentes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão de vossos pecados” (At 2,38).

De acordo com Dom Rino Fisichella, essa pergunta também é feita nos dias atuais, principalmente quanto à juventude que vive um período de indiferença da fé.

“Paradoxalmente, também nós fazemos a mesma pergunta. Depois de tantos discursos sobre a importância da nova evangelização no mundo contemporâneo, depois de repetidas iniciativas que viram as nossas comunidades comprometidas, parece que ainda há muito para fazer; mais ainda, o trabalho aumenta e lança novos desafios. Por isso, é válida também para nós a pergunta: ‘o que devemos fazer?’. Ela torna-se ainda mais urgente no momento em que o objeto do nosso discurso são as gerações jovens que parecem viver uma espécie de indiferença em relação à fé”, explicou.

Dom Rino ainda acrescentou que o contemporâneo está submetido a uma série de propostas sem raiz, construídas sobre hipóteses que resultam em profundas desilusões. Ele ainda destacou que é preciso fixar os olhos no ser e não no fazer e que, por isso, é preciso mergulhar na raiz do problema e verificar não só a origem do pensamento dominante atual, mas o destino dele.

“É necessário e urgente, em primeiro lugar, compreender que estamos diante de uma mudança real de paradigmas de pensamentos e de linguagem que já não consente que se encare o mundo, a relação com os outros, a fé e os grandes valores como no passado. [...] É necessário entrar no sistema de pensamento que hoje se impõe como dominante e verificar não apenas de onde provém, mas, sobretudo, para onde tende”, destacou.

AGNOSTICISMO E RELATIVISMO

Na pregação, o bispo afirmou que o agnosticismo, que tem a Deus como um ser desconhecido, o qual não se pode nem negar nem afirmar sua existência, e o relativismo, quando todo ponto de vista é tido como válido, repudiando uma verdade absoluta, se tornaram comuns entre as pregações e os cristãos.

“Nossos fiéis vivem estas realidades de modo já inconsciente, como se para eles fossem naturais, a tal ponto que não compreendem, efetivamente, as objeções que levantamos a este modo de pensar e ser. A objeção que nos fazem se traduz na obviedade da pergunta: ‘Mas, no fim das contas, que mal tem?’. É necessário que empenhemos nossas forças para que a ação pastoral tenha em vista temas essenciais que, por essa mesma razão, são apresentados com argumentações fundamentadas o mais solidamente possível”, completou.

O palestrante destacou também dois elementos importantes que devem “entrar em jogo”: conteúdos breves e uma linguagem incisiva e compreensível. Ou seja, os sacerdotes e formadores precisam recorrer a novas semânticas, a novas parábolas do dia a dia, sempre coerentes com a verdade, encontrando uma repetitividade dos conteúdos em diferentes sedes do ministério.

“Não basta fazer uma bela catequese e depois não voltar mais ao assunto. A repetitividade é um ponto basilar para incidir na memória, cuja falta hoje sofre particularmente. Além disso, a paciência que sabe esperar pelo momento mais oportuno para averiguar a comunicação dos conteúdos e a sua eficácia”, sublinhou.

INTERNET: A NOVA CULTURA

Nessa parte, o palestrante buscou abordar o papel desempenhado pela internet na vida das pessoas, principalmente, da juventude. É perceptível o progresso realizado pela tecnologia, embora esse seja apenas o início do setor. Porém, Dom Rino ressaltou que o mais importante não é tanto o uso que se faz da internet, mas sim, que isso representa uma nova cultura.

“A internet é uma cultura antes de ser um instrumento de informação, e coloca grandes problemas mesmo do ponto de vista ético. Como todas as culturas, o que aparece em primeiro plano é a incidência que tem na vida das pessoas e no seu modo de pensar e de se comportar. Efetivamente, não é óbvio que se pergunte, por isso, se, enquanto ‘uso’ a internet, sou capaz de fazê-lo de modo a conservar minha liberdade e a capacidade crítica de questionar sem esperar apenas respostas”, disse.

A OBRA DA NOVA EVANGELIZAÇÃO

Para Dom Rino Fisichella, a Nova Evangelização tem como característica entrar em contato diretamente com as culturas e transformá-las, da mesma forma que é determinada por elas em sua linguagem e expressividade. Segundo ele, o que hoje é chamado de “Nova Evangelização” sempre existiu em diferentes tempos da Igreja. Porém, ele destacou qual seria o principal objetivo dela nos dias atuais.

“Precisamos refletir e encontrar as formas adequadas para renovar o nosso anúncio a tantos batizados que deixaram de ter identidade e de compreender o sentido de pertença à comunidade cristã, com a consequência de um forte individualismo privado de responsabilidade pública e social. Somos chamados, enfim, a renovar o espírito missionário para dar esse salto, capaz de corresponder às exigências apresentadas pela nova situação histórica”, completou.

Ele afirmou que a Igreja é chamada a revigorar a si própria naquilo que tem de mais especial: o anúncio missionário. Justamente pela força da Nova Evangelização, Dom Rino destacou a importância de criar um modelo capaz de realizar a síntese entre o que é fruto da conquista de séculos passados e a sensibilidade com que é interpretado o presente.

Dom Rino finalizou ressaltando que deseja ver um novo humanismo, uma vez que o humanismo foi capaz de compreender a mudança que estava sendo realizada, mas, do mesmo modo, exprimiu a convicção de fazer uma releitura e resolver os problemas enfrentados pela humanidade desde sempre.

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Fotos: Gustavo de Oliveira

25/01/2017 - Atualizado em 25/01/2017 12:37


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