Com o item “Publicações”, concluímos a exposição sobre o “Papel do exegeta católico”. Encerramos, assim, esta importante questão para prosseguirmos a exposição e a análise de outros aspectos do exercício da exegese católica. De que maneira a exegese se relaciona com as outras ciências teológicas?
Neste setor, a necessidade de atualização da mensagem bíblica faz-se sentir de maneira mais premente. Isso significa que os exegetas levem em consideração as legítimas exigências das pessoas instruídas e cultas de nosso tempo e distinguam claramente, para o bem delas, o que deve ser olhado como detalhe secundário condicionado pela época, o que é preciso interpretar com linguagem mítica e o que é preciso apreciar como sentido próprio, histórico e inspirado[1]..
O exegeta tem uma formação sofisticada, o suficiente para poder ‘atualizar’ os textos (tradução) das Sagradas Escrituras sem trair sua mensagem.
Assim, ele possibilita que o texto e sua mensagem tramitem no tempo, sejam acessíveis aos leitores com suas exigências particulares, alocadas nas diversas culturas e, ao mesmo tempo, atualizando a mensagem, sejam fidedignos guardiões e transmissores da Palavra de Deus!
Os escritos bíblicos não foram compostos em linguagem moderna, nem em estilo do século XX. As formas de expressão e os gêneros literários que eles utilizam no texto hebreu, aramaico ou grego devem ser tornados inteligíveis aos homens e mulheres de hoje que, de outra maneira, seriam tentados ou a perder o interesse pela Bíblia, ou a interpretá-la de maneira simplista: literalista ou fantasiosa[2].
Em toda a diversidade de suas tarefas, o exegeta católico não tem outra finalidade senão o serviço da Palavra de Deus.
Sua ambição não é substituir aos textos bíblicos os resultados de seu trabalho, que se trate de reconstituição de documentos antigos utilizados pelos autores inspirados ou de uma apresentação moderna das últimas conclusões da ciência exegética. Sua ambição é, ao contrário, colocar em maior evidência os próprios textos bíblicos, ajudando a apreciá-los melhor e a compreendê-los com sempre mais exatidão histórica e profundidade espiritual.
Para que o exegeta não substitua com sua ciência o verdadeiro conteúdo das Escrituras Sagradas, que ele ajuda a interpretar, atualizar e conhecer, é preciso que ele permaneça em comunhão de fé com a Igreja, que seja o primeiro a crer e orar com as Escrituras, de modo a se tornar, dela, o servo fiel.
As relações com as outras disciplinas teológicas
Sendo ela mesma uma disciplina teológica, fides quaerens intellectum, a exegese mantém relações estreitas e complexas com as outras disciplinas da teologia. De um lado, efetivamente, a teologia sistemática tem uma influência sobre a pré-compreensão com a qual os exegetas abordam os textos bíblicos. Mas, de outro lado, a exegese fornece às outras disciplinas teológicas dados que lhes são fundamentais. São estabelecidas, então, relações de diálogo entre a exegese e as outras disciplinas teológicas, no respeito mútuo à especificidade de cada uma delas.
Referências:
06/01/2017 - Atualizado em 30/01/2017 16:30