O Tempo da Quaresma, além de auxiliar os cristãos a se preparar para a solenidade pascal, tem a finalidade de instruir aqueles que se preparam para ser batizados na Vigília Pascal. Por isso, além de um grande “retiro espiritual”, a Quaresma é chamado de tempo da purificação. Deste modo, a partir do terceiro domingo da Quaresma – especialmente quando estamos no ciclo de leituras do Ano A –, temos a rica oportunidade de nos edificar, ouvindo as três grandes mensagens a respeito da vida nova que recebemos por meio do Batismo.
O terceiro domingo da Quaresma nos faz recordar a fonte da graça, da qual recebemos a vida divina: o Santo Batismo. Por meio da água somos configurados a Cristo pela força do Espírito Santo. A água, portanto, purifica os nossos pecados e nos comunica a graça sacramental. Ao ouvir no Evangelho o encontro de Jesus com a samaritana (Jo 4,5-42) e todo o seu desenrolar a partir do tema da água, percebemos que ela é um rico e, ao mesmo tempo, ínfimo sinal, se comparada à graça com que Deus nos cumula. A “água que jorra para a vida eterna” é o Espírito que clama em nós: “Abba, Pai!” (Gl 4,6). E para que aprendamos a não valorizar demais o sinal, mas acolher o que ele significa, nos relata o evangelista João: “Disse Jesus: ‘Aquele que crê em mim, conforme diz a Escritura, rios de água viva jorrarão do seu interior’. Jesus falava do Espírito, que deviam receber os que tivessem fé nele” (Jo 7,38).
Ora, se é verdade que é o próprio Senhor que nos dá a água do seu Espírito, por outro lado Ele quis que ela nos chegasse pela mediação da Igreja: “Quem vos recebe, a Mim recebe” (Mt 10,40). E este domingo, em especial, nos traz a recordação de três comemorações importantes daqueles por quem a água viva nos chega: em primeiro lugar – embora transferida por ter ocorrido no domingo da Quaresma –, a solenidade de São José, o patrono da Igreja. Conforta-nos saber que temos o patrocínio de São José, pois aquele que cuidou do corpo de Cristo em sua infância, agora cuida de todo o corpo místico de Cristo como pai. Recorramos a São José em nossas tribulações, e festejemos solenemente o seu dia. Este ano, a solenidade de São José foi transferida para a segunda-feira, dia 20 de março. Não deixemos de celebrar sua solenidade.
Recordando o antigo costume de dar nomes cristãos aos filhos – a saber, o nome de um santo ou santa, para que fosse o(a) protetor(a) da criança –, somos convidados a celebrar o chamado “dia onomástico” (do grego ónoma, nome). Sendo 19 de março o Dia de São José, celebramos o onomástico do Papa Emérito Bento XVI (seu nome de Batismo é Joseph). E também somos convidados a bendizer a Deus pelo aniversário do ministério petrino do Papa Francisco, inaugurado no dia 19 de março de 2013. Por meio destes homens, de forma especial nos chega a água viva da graça de Deus. São eles pastores segundo o coração de Deus (cf. Jr 3,15), que nos encaminham para as águas repousantes da presença do Senhor em nossas vidas (cf. Sl 22,2).
Hoje, portanto, é dia de festa, dia de bendizermos a Deus, o Rochedo que nos salva (cf. Sl 94,1), que, ferido por nós na cruz (cf. Ex 17,6), nos deu de beber na torrente das suas delícias (cf. Sl 35,9), fazendo-nos participar da Sua vida! E que a meditação sobre o tema rico e profundo da água viva nos torne mais conscientes no uso da água e na preservação dos nossos biomas, como recorda a Campanha da Fraternidade deste ano em nosso processo de conversão rumo à Páscoa do Senhor.
17/03/2017