“Homens com o rosto coberto ordenaram às pessoas para renegarem sua fé. Todos recusaram e então foram mortos com um tiro na cabeça”.
Ouça a reportagem na íntegra:
É o que relata um dos sobreviventes do ataque de sexta-feira, dia 26 de maio, contra um grupo de cristãos que viajava de ônibus para o Mosteiro de São Samuel, a cerca de 200 km do Cairo.
O atentado – que provocou 29 mortes, entre as quais crianças, foi reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico. O governo egípcio confirmou que 13 feridos permanecem internados em estado grave no Cairo e em Minya.
Não abjuraram da fé
Esta versão foi confirmada por outros sobreviventes, que revelaram como os atacantes ordenaram aos viajantes para descerem do ônibus, afirmando a eles que teriam suas vidas poupadas caso se convertessem ao Islã. Mas os cristãos – afirmam as testemunhas – “preferiram morrer, dizendo-se orgulhosos em se manterem fiéis à própria fé”.
Antes de abrir fogo – contou uma jovem hospitalizada – os terroristas, que vestiam uniformes militares, obrigaram todas as mulheres a entregarem seus pertences.
Também uma criança de seis anos falou daqueles trágicos momentos, em que a jovem mãe, para salvá-lo, o escondeu embaixo de um banco, cobrindo-o com um saco.
Papa Francisco
Ao se solidarizar com o Patriarca Tawadros II e o povo egípcio após a oração do Regina Coeli no último domingo, o Papa Francisco referiu-se às vítimas do ataque como “mártires”: “Que Deus acolha na paz estas testemunhas corajosas, esses mártires, e converta os corações dos terroristas”, afirmou.
Os funerais de algumas das vítimas foram celebrados na Catedral de Minya, localidade nas proximidades de onde ocorreu o ataque.
Aviação egípcia bombardeou campos de treinamento na Líbia
Os autores do ataque ao ônibus – dizem as autoridades – haviam sido treinados na Líbia. Como represália, a força aérea egícia bombardeou campos jihadistas próximos à Derna, nas horas que se seguiram ao atentado.
“O Egito não hesitará em bombardear campos de treinamento de terroristas, onde quer que se encontrem”, afirmou o Presidente do Egito, Abd al-Fattāḥ al-Sīsī.
Há meses que o braço egípcio do EI passou a atacar a minoria cristã copta, também com atentados suicidas, como aconteceu no Domingo de Ramos, quando dois terroristas se explodiram em igrejas em Tanta e Alexandria.
Foto: AP
30/05/2017 - Atualizado em 30/05/2017 12:14