Depois de eleito bispo auxiliar, no dia 7 de junho, monsenhor Juarez Delorto Secco esteve em visita ao Rio de Janeiro. Para uma visita de dois dias na cidade, ele chegou de ônibus de sua cidade natal, Cachoeiro de Itapimirim, no Espírito Santo, na manhã do dia 12, onde concedeu entrevista para o Sistema de Comunicação da Arquidiocese do Rio. Durante sua estadia, conheceu os membros do Cabido Metropolitano, visitou paróquias, entre elas a Catedral de São Sebastião e a Antiga Sé, presidiu a Hora Santa da Vida Consagrada na Igreja de Sant’Ana, participou da reunião do governo diocesano e teve um encontro com o Cardeal Orani João Tempesta. Monsenhor Juarez será ordenado em Cachoeiro no dia 9 de setembro, às 16h, e sua apresentação no Rio será no dia 7 de outubro, às 9h, na Catedral.
Confira a entrevista:
Testemunho de Fé (TF) – Houve influencia da família na sua vocação?
Monsenhor Juarez Delorto Secco – Minha família tem descendência italiana. A minha mãe tem 82 anos; meu pai já é falecido. Tenho sete irmãos, três mulheres e quatro homens, sou o quinto, o caçula. De todos, eu escolhi o caminho do sacerdócio para servir a Deus na Igreja. Minha avó sempre quis ter um filho padre, mas não conseguiu. Ela passou a herança para os netos.
TF – Como surgiu a vocação?
Monsenhor Juarez - Quando estava terminando o curso de direito na Faculdade de Direito de Cachoeiro, fiz o um retiro inaciano, chamado Encontro de Experiência Espiritual. Nesse encontro recebi o chamado de Deus, mas relutava, porque embora participasse da Igreja e tinha convivência com grupos de jovens, nunca tinha pensado no sacerdócio. O chamado ficou ecoando na minha cabeça, no meu coração, até o dia que eu criei coragem para conversar com o pároco. Ele me encaminhou para os encontros vocacionais e comecei a interessar pela vida da Igreja. Depois fazer o estágio vocacional, fui aprovado e ingressei no Seminário Bom Pastor.
TF – Nos seus múltiplos ofícios, havia uma atenção especial a Pastoral Vocacional?
Monsenhor Juarez - Assim como fui ajudado, fiz de tudo para promover a animação vocacional na diocese. Agora, estou deixando a função de vice-reitor do seminário maior de Cachoeiro. Foi um tempo bom, conseguindo encaminhar muitos jovens para o seminário ou para as congregações religiosas. Sempre tive muita alegria de trabalhar com a juventude, de falar de Deus, do Evangelho. Como é bom convidar e encaminhar os jovens para o caminho de Deus.
TF – Como recebeu a nomeação? Espera isso com pouco tempo de sacerdócio?
Monsenhor Juarez - Esperar, eu não esperava! Eu realmente achei que, não pela minha juventude, mas pela necessidade da Igreja. Não esperava, tomei um susto. Eu estava numa reunião, quando o meu bispo me chamou para conversar. Ele começou a falar de outros assuntos, e vi que estava assustado. ‘O que está acontecendo?’ Aí falou que a Nunciatura tinha ligado, que precisava conversar comigo e de uma resposta no mesmo dia. Logo pensei no primeiro chamado de Deus à vida, e na promessa de obediência ao bispo. Tinha toda uma circunstância para dizer não, mas pensei no sim de Maria, a serva do Senhor, e nos santos da Igreja. Se dissesse não, estaria negando a minha própria vocação, e assim, como poderia incentivar os jovens ao sacerdócio. Não tinha como voltar atrás. A Palavra de Deus diz que não podemos ‘colocar a mão no arado e olhar para traz’. Ela ensina ainda que devemos ‘avançar para águas mais profundas'. Muita coisa passou pela minha cabeça. Mas a vivência da fé, a confiança em Deus, na sua presença, que é sempre de salvação, decidi dizer sim. Assim o fiz.
TF – O que pensou quando foi escolhido para ser auxiliar no Rio?
Monsenhor Juarez - Não conheço a realidade carioca. Vou passar a conhecer agora, mas desde quando foi proposto o Rio de Janeiro, tenho colocado no coração de Deus, rezado por essa arquidiocese. Tenho procurado rezar pelas pessoas que vou encontrar. Peço bênçãos para o meu ministério. Venho para fazer o que sempre fiz, que é a anunciar o Evangelho. Venho para somar, esse é o meu propósito: anunciar o Evangelho, na alegria de somar forças, aqui, com os outros bispos; ser essa presença de Deus, aqui, nessa nova realidade que me acolhe.
TF – qual é a expectativa de ser bispo numa grande metrópole como o Rio?
Monsenhor Juarez - A expectativa é grande, também a alegria de servir. Eu ainda não sei o que vai ser proposto, mas quero servir, quero somar, quero conhecer e amar a realidade, e ajudar o máximo possível. Essa é minha missão aqui: poder ajudar na evangelização, colaborar com a missão e somar forças com os outros bispos, para construção do Reino que é uma comunidade de vivência da fé, de justiça, de paz, de amor, de concórdia. É o que Deus quer de nós. Eu quero lutar para que esse Reino de Deus aconteça no meio de nós também.
TF – No que pretende dar prioridade diante de sua vasta experiência pastoral?
Monsenhor Juarez - Agora é uma nova realidade. Meu desejo é servir a Deus naquilo que vai ser proposto. Venho para o Rio para fazer a vontade de Deus, que foi manifestada pelo Papa Francisco e também pelo nosso cardeal. É muito bom sentar, conversar, dialogar, para depois, então, fazer projetos. É importante isso! O primeiro caminho, agora, é a ‘pastoral da escuta’ Antes de qualquer proposta de experiência para agregar ou iluminar, e preciso, primeiro, conhecer a realidade, na qual eu estou chegando, para depois, propor alguma coisa que seja de acordo com a realidade. Penso dessa maneira. Enfim, quero servir com muita alegria, irradiar todo esse amor que está no meu coração.
TF – Qual seu lema episcopal?
Monsenhor Juarez - Eu gosto muito do Evangelho de João, capítulo 15, sobre Jesus que é a videira e nós os ramos. Nesta passagem, há muito destaque para o verbo 'permanecer'. E o meu lema está vindo daí: 'permanecei no meu amor'. É Cristo que fala aos seus discípulos para permanecer no seu amor. Creio que o amor de Deus é tudo na vida da gente, se falta amor, falta tudo. Deus é amor, essa é a vivência que quero, que eu tenho na minha vida e que eu quero também transmitir aos outros.
Foto: Gustavo de Oliveira
19/06/2017 - Atualizado em 19/06/2017 11:24