Em outubro de 1952, com a permissão da Santa Sé, foi criada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na época a terceira conferência episcopal do mundo. Participaram da fundação da entidade diversos bispos, entre eles, Dom Helder Pessoa Câmara e o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta.
A reunião de instalação da CNBB foi realizada no Palácio São Joaquim, no bairro da Glória, no Rio de Janeiro, onde ocorreu também a eleição da comissão permanente encarregada de dirigir a entidade. Foram escolhidos Dom Alfredo Vicente Scherer, Dom Mário de Miranda Vilas Boas e Dom Antônio Morais de Almeida Júnior, sendo Dom Helder Pessoa Câmara designado secretário-geral e o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, então arcebispo de São Paulo, eleito o primeiro presidente da entidade, função que exerceu por dois mandatos.
Em 2009, o arcebispo emérito de Uberaba (MG), já falecido, enviou uma carta à CNBB, na qual lembra de conversas com Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta sobre a fundação da conferência.
“Ainda me lembro perfeitamente que o Cardeal Motta, antes de fundar a CNBB, foi aos Estados Unidos ver como era a conferência episcopal americana, acompanhado pelo padre Enzo Guzzo, por ser este padre conhecedor perfeito da língua inglesa”, destaca a carta.
Cardeal Motta
Nascido em 16 de julho de 1890, em Bom Jesus do Amparo (MG), foi ordenado presbítero em 1918 e bispo em 1932. Em documento publicado por ocasião do jubileu de ouro sacerdotal do cardeal, o monsenhor escreveu a trajetória de vida de Dom Motta. Em um dos trechos ele lembra da ordenação episcopal do cardeal.
“Ele escolheu como lema do seu episcopado as palavras do apóstolo São João: “In inu Iesu” (No coração de Jesus), se referindo à passagem da última ceia: “Um dos discípulos, ao qual Jesus amava, estava recostado no Coração de Jesus” (Jo 13,23)”.
Dom Carlos Motta foi o vigésimo quarto bispo do Maranhão e seu segundo arcebispo; décimo quinto bispo de São Paulo, sendo seu terceiro arcebispo e primeiro cardeal. Foi também o primeiro arcebispo de Aparecida (SP). Na Arquidiocese da Padroeira do Brasil, o cardeal exerceu seu ministério episcopal até sua morte, aos 92 anos, em 18 de setembro de 1982.
Na CNBB atuou como presidente e vice-presidente. Foi articulador político e um promotor da devoção a Nossa Senhora Aparecida. Homem de costumes simples, inflamado pelo zelo de Deus e sempre preocupado com problemas transcendentais da Igreja e da pátria, Cardeal Motta tinha o dom de fazer amigos por onde passava.
Monsenhor José Alves Motta Filho finaliza o artigo dizendo que Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta é verdadeiramente um homem segundo o coração de Deus: “In sinu Iesu”.
Empreendedor
Homem de grandes virtudes, Dom Carmelo contribuiu com a criação de dioceses e fundou diversas instituições de importância nacional, como a Faculdade Paulista de Direito, futuramente Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a Rádio Nove de Julho e o jornal da arquidiocese “O São Paulo”. Já em Aparecida, fundou a rádio, foi responsável pela construção da nova basílica e inaugurou a Passarela da Fé em 1972.
Entre as curiosidades da vida de Dom Carlos Carmelo, a escolha do nome da capital federal, Brasília. Foi ele que, no dia 3 de maio de 1957, celebrou a primeira missa na capital brasileira.
Atual presidência
Atualmente, a CNBB é comandada pelo arcebispo de Brasilia (DF), Cardeal Sergio da Rocha, 11º bispo a assumir a presidência da Conferência, pelo arcebispo de Salvador (BA), Dom Murilo Krieger, vice-presidente da entidade e pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral, Dom Leonardo Steiner.
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08/09/2017 - Atualizado em 08/09/2017 14:41