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Patriarca KirillNotícia - Patriarca Kirill

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Depois de um encontro histórico com o Papa Francisco, em Cuba, no dia 12 de fevereiro, o Patriarca Kirill, da Igreja Ortodoxa Russa, esteve no Rio de Janeiro, cumprindo uma agenda de visitas na Antártida e na América Latina.

Na noite do dia 19 de fevereiro, ele foi acolhido na Base Aérea do Galeão pelo arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, vindo de Brasília, depois de ter passado pelo Paraguai.

Recebido novamente por Dom Orani, no Corcovado, na manhã dia 20 de fevereiro, o Patriarca de Moscou e de toda a Rússia presidiu aos pés do Cristo Redentor uma celebração litúrgica, acompanhado por diversos sacerdotes russos, que trabalham no Brasil, e integrantes de sua comitiva.

Trabalhar pelo bem comum

Depois de rezar, de forma especial, pela paz no mundo e pelos cristãos perseguidos, o Patriarca se dirigiu aos presentes, por meio de um tradutor, recordando que “o monumento do Cristo Redentor, com suas mãos estendidas sobre a cidade do Rio de Janeiro, é um símbolo da Providência divina sobre o mundo”.

Ao traçar um panorama sobre a situação do mundo hoje, ele recordou “os cristãos vítimas da perseguição no Oriente Médio, na África e em vários países. Quando, com barbaridade e terrível crueldade, as igrejas e mosteiros ficam devastados, e aldeias e cidades exterminadas”.

O Patriarca mostrou-se preocupado com “a comunidade internacional que não consegue elaborar abordagens comuns para combater o terrorismo, fazendo com que a humanidade sinta o temor de uma grande guerra”.

Entre os tipos de perseguição, acrescentou “a força política do mal que está expulsando o cristianismo da vida da sociedade. Uma expulsão que acontece quando as pessoas são proibidas de usar o crucifixo no trabalho e nos lugares públicos. Quando leis são aprovadas com rejeição ao conceito matrimonial, a união de um homem e de uma mulher. Ainda, o sofrimento da humanidade com os crescentes números de abortos, de divórcios e da perda da orientação moral na vida”.

Cada viajante e cada navegante – explicou o Patriarca, sabe quando as forças acabam, mas acreditam na possibilidade da esperança, que nunca acaba porque acredita na força de Deus.

“Nós não temos outra esperança se não Deus, e acreditamos que Ele ouve a nossa oração. Ele nunca responde as nossas orações na hora, porque não é um truque de circo. Ele também não interfere em nossa liberdade, mas age através de nós. Se colocando na presença de Deus e guardando a fé em Jesus Cristo, devemos estar dispostos a realizar a sua vontade, mesmo entre perigos. Devemos viver e renovar aquela mesma fé que os cristãos tinham desde os primeiros séculos do cristianismo”, exortou.

Manifestando alegria por pronunciar palavras no maior país católico do mundo, o Patriarca conclamou a todos para a “renovação da fé nos corações” e a possibilidade de trabalhar juntos pelo bem comum.

“Ainda temos diferenças na doutrina, mas nós, ortodoxos e católicos, podemos responder aos desafios do mundo contemporâneo, trabalhando juntos para pôr um fim à perseguição dos cristãos e à descristianização da civilização humana”.

O Patriarca terminou seu pronunciamento também conclamando o empenho das pessoas de boa vontade, mesmo pertencentes a outras confissões religiosas.

“A lei moral nos foi dada por Deus, e ela pode servir de base e consenso para a nossa unidade, em nome de um futuro melhor para os nossos povos, para toda a humanidade”.

Paróquia ortodoxa

Após a oração no monumento do Cristo Redentor, o Patriarca Kirill visitou a Igreja de Santa Zenaide, no bairro de Santa Teresa. É a única paróquia no mundo edificada em honra a virgem mártir; uma médica que viveu no primeiro século, e particularmente venerada pelos ortodoxos do Oriente.

Atualmente sob a jurisdição da Eparquia da Argentina e América do Sul, a paróquia foi edificada em 1937 por refugiados russos que chegaram ao Rio de Janeiro a partir de 1921.

Tradição comum

No último compromisso oficial de sua visita ao Rio de Janeiro, o Patriarca Kirill se encontrou com o Cardeal Tempesta, no início da tarde do dia 20 de fevereiro, no Palácio São Joaquim, na Glória.

Na companhia de seus bispos auxiliares, num primeiro momento, Dom Orani acolheu o Patriarca na Sala do Trono. Manifestando alegria por recebê-lo no Rio de Janeiro, o arcebispo metropolitano agradeceu as palavras que o Patriarca proferiu no Cristo Redentor, fazendo votos que “elas pudessem ressoar não só no Brasil, mas pelo mundo afora, como um gesto de quem busca, pela unidade, servir ao Senhor”.

Para reforçar a proximidade entre a Igreja Católica no Rio de Janeiro e a Igreja Ortodoxa Russa, o cardeal presenteou o Patriarca com uma imagem de São Jorge, explicando que a devoção dos cariocas pelo santo guerreiro é equivalente a de São Sebastião, padroeiro titular da cidade e da arquidiocese.

“Ao levar essa imagem de São Jorge, um símbolo nosso, também caro a Moscou, de que é padroeiro, pedimos que ao recordar esse dia reze por nós. Fica o nosso compromisso de quando se vislumbrar o horizonte no alto do Corcovado, aos pés do Cristo Redentor, o Patriarca de Moscou e de toda a Rússia também terá a nossa oração”, afirmou Dom Orani.

Após um abraço fraterno, o Patriarca lembrou que a veneração pelos santos, e em especial, por São Jorge, vem desde o primeiro milênio, e é uma tradição comum entre católicos e ortodoxos.

O Patriarca recordou ainda que na declaração conjunta assinada por ele e pelo Papa Francisco, em Cuba, foi assinalada a importância da tradição comum entre o Oriente e o Ocidente.

“Como todos sabem, o Papa e eu nos encontramos fora da Europa, longe do contexto geográfico que, no passado, gerou conflitos entre católicos e ortodoxos. Nós nos encontramos num novo mundo, justamente para que possamos continuar com o diálogo, a trabalhar juntos”, disse Kirill.

Por sua vez, Dom Orani foi presenteado com um ícone de Nossa Senhora e um livro de fotos com as principais atividades realizadas pelo Patriarca no ano passado.

Num segundo momento, o Patriarca e sua comitiva foram recepcionados no segundo andar do Edifício João Paulo II, sede da arquidiocese do Rio, onde foi servido um almoço. Em seguida, após serem cumprimentados pelos bispos, vigários episcopais, sacerdotes e convidados, o Patriarca foi acompanhado por Dom Orani até a Base Aérea do Galeão, onde seguiu viagem para São Paulo, última cidade visitada antes de voltar para Moscou.

Bons frutos

O Cardeal Tempesta disse que os valores cristãos têm feito diferença na Rússia, levando as pessoas a encontrar seus caminhos. A visita do Patriarca – acrescentou –, deve ser uma oportunidade para que o país pudesse ver a necessidade dos valores cristãos estarem no coração das pessoas e nos relacionamentos.

“O Patriarca lembrou nas conversas particulares que, muitas vezes, quando se procura o bem social, mas se esquece dos valores humanos e cristãos, a sociedade acaba se perdendo ainda mais porque o ser humano quer uma vida mais justa, mais fraterna e mais humana. O ser mais fraterno e mais humano supõe também uma vida de espiritualidade e com os valores em Deus”, disse Dom Orani.

Para o bispo auxiliar Dom Antonio Augusto Dias Duarte, a visita foi um momento importante para o ecumenismo, que busca a comunhão entre as Igrejas cristãs e, sobretudo, para a Arquidiocese do Rio de Janeiro, que tem à frente o Cardeal Orani com seu lema de unidade.

“A visita demonstrou como se recebe e se relaciona com irmãos nossos na fé cristã, pautando as palavras e os gestos pela bondade, delicadeza e veracidade próprias da misericórdia de Deus”, disse.

Para o coordenador da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e  Diálogo Inter-religioso, padre Fábio Luiz de Souza, a visita do Patriarca abriu uma via de diálogo importante e preciosa com a Igreja Ortodoxa Russa.

“A comissão arquidiocesana já iniciou o diálogo de forma concreta, visitando comunidades russas aqui no Rio de Janeiro e estabelecendo amizades promissoras com seus padres e líderes. Seguimos dando nossa humilde colaboração na realização do desejo de unidade que o Senhor nos pediu”, disse.

Na opinião do diácono Nelson Águia, que exerce o ofício de secretário da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, o discurso do Patriarca está afinado com o pensamento do Papa Francisco, que vem derrubando muros e construindo pontes. Eram 962 anos de separação, do Patriarcado que reúne o maior numero de fiéis no mundo.

“O discurso do Patriarca – semelhante ao do Papa – nos impulsiona a dar testemunho de unidade e de diálogo, de rezar e trabalhar pela paz no mundo. Atitudes que fazem a diferença. Um testemunho do bem, para que o mundo creia em Cristo”.

Oração do Patriarca no Cristo Redentor:

"Ó Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, Ó Pastor e Cordeiro que tira os pecados do mundo, Salvador e Redentor da raça humana! A Ti, ó nosso Senhor generoso, que abraças o mundo inteiro com os Teus braços estendidos, com o coração humilde e oração fervorosa, nós chamamos.

Ó mais misericordioso e todo-poderoso, Senhor Jesus! Seja misericordioso para nós, assim te suplica a Tua Igreja. Lembra-te do mandamento dado a nos de amar-te, nosso Deus, e ao próximo. Faz com que os ódios, derramamentos de sangue, conflitos, ressentimentos e outras ilegalidades cessem, e que o verdadeiro amor reine nos corações dos Teus fiéis por toda a Terra.

Fortalece com a Tua força os nossos irmãos e irmãs perseguidos no Oriente Médio e em outras terras. Não vires o Teu rosto deles, Senhor, mas dá-lhes a alegria da tua salvação. Lembra-te das graças que mostraste aos nossos pais, e dá ajuda para o Teu povo que está em tristeza.

Aos perseguidores e aos que se enganam, ilumina os olhos dos seus corações com a Tua luz divina, para que compreendam a Tua verdade. Mitiga a sua dureza, faz cessar a hostilidade e agressão contra os cristãos e outros civis inocentes, para que todos conheçam a Ti, nosso Senhor e Salvador.

Presta atenção, ó Senhor, dos altos céus ao Teu povo que aqui espera de Ti uma graça abundante, visita-nos com a Tua benignidade, e livra-nos da violência do diabo.

Aquece os nossos corações com o calor da Tua graça, fortalece a nossa vontade na Tua vontade, para que, como nos tempos antigos, agora também seja glorificado o Teu todo-santo nome, com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.

Amém.

Foto: Gustavo de Oliveira

22/02/2016 - Atualizado em 25/02/2016 16:36


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