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Notícia - Curso dos Bispos reflete sobre a Nova Evangelização

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temp_titleTodos_os_bispos_Curso_dos_Bispos_2017_27012017135535

Tendo como principal objetivo reunir os bispos de todo o país para compartilharem uma semana de estudos, oração e descanso, a Arquidiocese do Rio promoveu o 26º Curso Anual dos Bispos do Brasil, no Centro de Estudos e Formação Sumaré, no Rio Comprido, entre os dias 23 e 27 de janeiro.

Através do tema: “A Nova Evangelização: significado, desafios e aplicação à realidade do Brasil”, cerca de 70 bispos debateram aspectos relacionados às questões mais urgentes, tais como a necessidade de uma Igreja missionária, fora dos próprios muros paroquiais, o endurecimento da fé que tem atingido a muitos cristãos, além da família, principal alvo dos dias atuais.

Essa edição contou com a presença do núncio apostólico no Brasil, Dom Giovanni d’Aniello, e teve como conferencistas o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, o presidente da Comissão Episcopal da CNBB para a Amazônia, Cardeal Claudio Hummes, OFM, o presidente da CNBB e arcebispo de Brasília, Cardeal Sérgio da Rocha; o secretário do Conselho Pontifício para o Diálogo Interreligioso e vice-prefeito da Comissão para as Relações Religiosas com os muçulmanos, Dom Miguel Angel Ayuso Guixot, e o reitor da Universidade Católica da Arquidiocese do México que participa do Instituto Superior de Estudos Guadalupanos como exímio pesquisador especialista em estudos sobre Nossa Senhora de Guadalupe, monsenhor Eduardo Chávez Sánchez.

O Cardeal Orani João Tempesta destacou a importância do tema escolhido para o encontro neste ano. Ele ainda ressaltou outras abordagens, como a situação na Amazônia, os desafios propostos pelo Documento de Aparecida e a piedade popular a Nossa Senhora de Guadalupe, no México.

“A Nova Evangelização é um trabalho muito importante, atual e desafiador. Tivemos a oportunidade de ouvir Dom Rino, além dos demais cardeais brasileiros abordando os desafios do pós-Aparecida nesses dez anos, o trabalho na região Amazônica e a atuação da Igreja nesse local. Tivemos uma abordagem sobre a piedade popular, no caso da Virgem de Guadalupe, com um especialista neste assunto. Além de toda a preocupação no diálogo com os não cristãos, em especial, os muçulmanos”, destacou.

Eleito bispo auxiliar para o Rio de Janeiro e coordenador de Pastoral, monsenhor Joel Portella Amado destacou que o tema sobre a Nova Evangelização renova sempre, tanto com as situações do mundo, quanto com o que a Igreja aprende.

“Esse tema foi lançado pelo então Papa São João Paulo II, ainda na década de 1980, numa expressão utilizada no Haiti, mas que se renova a cada dia a partir dos avanços do mundo e do aprendizado da Igreja. Dom Rino apresentou as três conferências que compõem a coluna vertebral do curso. Verificamos as consequências disso no Brasil, na Amazônia, a piedade popular e a questão do Islã. A partir disso, o quadro se completou e tratamos dessa temática em diversas situações”, sublinhou.

Para o bispo auxiliar emérito do Rio e coordenador do curso, Dom Karl Josef Romer a finalidade da Nova Evangelização não é somente anunciar a Boa Nova aos que não conhecem a Deus, mas sim reavivar a fé até mesmo dos batizados.

“O tema varia de acordo com as questões mais urgentes que preocupam o mundo e também a Igreja. A abordagem deste ano já foi levantada por três Pontífices, São João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Ou seja, não é só evangelizar os pagãos que não conhecem a Cristo, mas também os países que foram evangelizados há mil anos, que possuem uma longa tradição cristã, mas que o mundo moderno os enfraqueceu na fé”.

Dom Romer ainda acrescentou que, dessa forma, é possível renovar a fé e assumir, com Cristo, a tarefa de realizar o bem no mundo.

“O Papa Francisco insiste numa Nova Evangelização para que os fiéis recebam de novo uma mensagem mais viva, mais contundente e uma fé contagiante. Não é só saber, mas que possamos amar e responder a Deus: minha vida a Ti pertence, eu me consagro e me ofereço para, como Jesus, fazer o bem neste mundo”, finalizou.

Foto: Gustavo de Oliveira

27/01/2017 - Atualizado em 27/01/2017 13:58


Notícia - A Nova Evangelização no Brasil: aspectos históricos, desafios e perspectivas

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temp_titleDom_Sergio_da_Rocha_Curso_dos_Bispos_2017_27012017140935

Com o objetivo de buscar soluções para os desafios encontrados relacionados à Nova Evangelização, o presidente da CNBB e arcebispo de Brasília, Cardeal Sergio da Rocha, iniciou sua conferência relembrando alguns aspectos históricos a partir da pergunta: “Como o Brasil acolheu ou tem acolhido a proposta de uma Nova Evangelização?”.

Segundo o cardeal, após um dos maiores acontecimentos dos últimos tempos na vida da Igreja, o Concílio Vaticano II, em 1961, viu-se a necessidade de se criar um novo método pastoral.

“A Igreja no Brasil, acolhendo o ensinamento do Concílio Vaticano II, sentiu a necessidade de redobrar os esforços para cumprir a sua ação pastoral. O ‘novo’, num primeiro momento, além da acolhida da visão eclesiológica do Concílio, se expressou através de uma nova metodologia pastoral que incluía a elaboração de um Plano Pastoral para toda a Igreja no Brasil”, disse.

Ainda de acordo com ele, mudança requer novos métodos. A Palavra de Deus continua sendo a mesma, porém é necessário reconsiderar as situações atuais para que, dessa forma, ela possa alcançar tanto os que não conhecem a Cristo, como aqueles que são batizados, mas precisam ser renovados na fé.

“A nova realidade em mudança, com transformações rápidas, constantes e profundas, exige novos métodos. O Evangelho é o mesmo, mas há a necessidade de considerar os novos contextos socioculturais. A ação pastoral requer unidade, decorrente da própria unidade da Igreja: evangelização ou pastoral como ação da Igreja e não como algo particular. Daí a necessidade de planejar, em conjunto, a ação pastoral. Não bastam iniciativas espontâneas e diversificadas”, acrescentou.

Nova evangelização: Desafios e Perspectivas

Neste ponto, o cardeal afirma que são muitos os atuais desafios e as propostas para uma Nova Evangelização na Igreja no Brasil. Segundo ele, os obstáculos são destacados a partir de três âmbitos da nova evangelização, conforme a “Evangelii Gaudium”: a ação pastoral ordinariamente voltada para os católicos que participam da Igreja; as pessoas batizadas que, porém não vivem as exigências do Batismo; a proclamação do Evangelho àqueles que não conhecem Jesus Cristo ou que sempre O recusaram.

Para Dom Sergio, o objetivo da Nova evangelização é transmitir a fé, porém, sem buscar respostas imediatistas.

“A sua finalidade é a “transmissão da fé cristã”, conforme o próprio tema sinodal, sem cair numa visão pastoral imediatista ou pragmática que busca resultados a qualquer custo. É importante considerar que a fé, sem cair numa visão pastoral imediatista ou pragmática que busca resultados a qualquer custo. É importante considerar a fé, conforme o Catecismo da Igreja Católica, se expressa como fé professada, fé celebrada e fé vivida. Isso exige uma abordagem ampla, com uma ação evangelizadora que procura contemplar os vários aspectos da fé”, disse.

Cuidado Pastoral da Comunidade

De acordo com o cardeal, o “âmbito da pastoral ordinária”, voltada para os católicos que participam da Igreja, é uma necessidade permanente. Ele ressaltou alguns aspectos que fazem repensar a metodologia ordinariamente adotada.

“Há a necessidade de revalorizar a liturgia e de fazer a comunidade como espaço de experiência de Deus; de valorizar a vida comunitária; a importância da formação de comunidades territoriais ou ambientais nas paróquias; a formação de lideranças locais; a valorização dos leigos e dos movimentos eclesiais e das pastorais; a presença orante e solidária junto aos fiéis que mais sofrem; a relação “Igreja e política” ou “católicos e política”; uma atenção maior a Iniciação Cristã; além da renovação do clero, bem como da vida religiosa”, destacou.

Católicos que não vivem o Batismo

Neste âmbito, o presidente da CNBB refere-se às pessoas batizadas que, porém não vivem as exigências do Batismo e, portanto, não participam ordinariamente da vida da Igreja local. Para ele, muitos restringem a este âmbito o significado da Nova Evangelização.

“Aqui nós encontramos a diversidade de situações pastorais; o panorama religioso local e nacional; o aprofundamento do papel da Igreja na vida das pessoas e na sociedade, sob o ponto de vista teológico-pastoral; e com atenção especial. o papel social da Igreja que exige considerar a dinâmica da sociedade atual, especialmente o atual contexto sociocultural”, observou.

Evangelização além-fronteiras: aqueles que não conhecem Jesus Cristo

Dom Sergio afirmou que a renovação missionária da Igreja, com uma nova evangelização, inclui a atenção as necessidades da Igreja local, mas exige a atuação além fronteiras, visando especialmente aqueles que não conhecem Jesus Cristo.

“Dentre os desafios e perspectivas deste âmbito, podemos ressaltar a evangelização com “novo ardor” e o cultivo de uma espiritualidade missionária dirigida a toda a comunidade, mas também a formação de missionários para atuarem além-fronteiras. O desenvolvimento das ações missionárias e projetos concretos; a valorização das diversas culturas na transmissão da fé; o resgate da proposta da Missão Continental e a evangelização através de gestos concretos de serviço”, completou.

[archive:20175]

Foto: Gustavo de Oliveira

27/01/2017 - Atualizado em 27/01/2017 14:16

Notícia - O diálogo inter-religioso em 2017

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temp_titleDom_Guixot_Curso_dos_Bispos_2017_1_27012017144551

O secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso (PCDI), Dom Miguel Ángel Ayuso Guixot, dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus (MCCJ), ministrou três conferências no Curso Anual dos Bispos, todas relativas ao que tange a questão do diálogo inter-religioso nos dias atuais. Em sua primeira palestra, intitulada “Documentos sobre o diálogo inter-religioso”, tratou sobre alguns documentos mais emblemáticos para a questão. A segunda conferência foi sobre o diálogo islâmico-cristão. Por fim, fez um relatório falado sobre o diálogo inter-religioso a serviço da paz no ensinamento do Papa Francisco.

Segundo o bispo, o diálogo não deve ser considerado como uma mera preparação para a tarefa de anunciar ou proclamar Jesus Cristo e convidar as pessoas a tornarem-se membros da Igreja através do Batismo. “Ele tem o seu principal objetivo para garantir que as pessoas de diferentes religiões possam viver em harmonia e paz, que elas possam se entender melhor, trabalhar em conjunto para o benefício da humanidade e ajudar uns aos outros a responder ao chamado de Deus”, pontuou.

Sobre o diálogo inter-religioso

Dom Miguel iniciou sua primeira palestra falando sobre aquela que é considerada a carta magna, principal documento no que diz respeito ao diálogo inter-religioso: a declaração “Nostra Aetate” do Concílio Vaticano II, a qual, em 28 de outubro de 2015, celebrou seu 50º aniversário.

Segundo ele, essa declaração inspirou os membros da Igreja Católica em vários níveis, para promover relações de respeito e diálogo com pessoas de outras religiões, e continua a ser um ponto fixo de referência para estas relações.

“O Concílio ofereceu uma avaliação positiva das outras religiões, deu validade às novas iniciativas pastorais, criou bases sólidas para o diálogo inter-religioso e para a teologia católica das religiões”, afirmou o bispo.

Documentos

O primeiro documento oficial publicado pelo PCDI foi “A Igreja e outras religiões” (1984), conhecido como “Diálogo e Missão”. O documento coloca o diálogo inter-religioso no contexto da mais vasta missão da Igreja, inspirando-se nos fundamentos teológicos do Concílio Vaticano II.

Um pouco depois, em conjunto com a Congregação para a Evangelização dos Povos, o PCDI publicou o segundo documento: “Diálogo e Anúncio” (1991), no qual se tenta esclarecer a relação entre o anúncio da salvação em Cristo e o diálogo com pessoas de outras religiões. Em sua terceira parte, o documento trata da questão do respeito ao anúncio e ao diálogo, dois aspectos da missão evangelizadora da Igreja, que segundo o bispo são correlacionados, mas não podem ser usados como sinônimos.

“O diálogo e o anúncio não se contrapõem. O diálogo por si mesmo contém um elemento de anúncio, na medida em que implica o testemunho da própria fé, enquanto que o anúncio nunca pode ser uma imposição da verdade, mas deve ser sempre conduzido num espírito de diálogo”, explicou Dom Miguel.

Ele citou um trecho do documento em que se lê que “as diferentes formas de diálogo estão interligadas entre si”. O que significa que o diálogo permite o compromisso com a promoção de valores humanos e do bem comum.

Citou ainda como documentos que tratam sobre o tema, inteiramente ou em partes, a Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, do Papa Francisco, e o “Diálogo na verdade e na caridade. Orientações pastorais para o diálogo inter-religioso”, publicado em 2014, por ocasião do 50º aniversário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.

Papel do bispo na promoção do diálogo

Dom Miguel destacou ainda o papel do bispo na promoção do diálogo inter-religioso. Segundo ele, o pastor precisa estender seu cuidado e sua atenção a todos os que vivem no território da sua diocese. Ele não pode simplesmente se limitar aos católicos, embora a esses deva ser reservado o direito de prioridade na ação pastoral.

O presbítero explicou que os bispos, como mestres da fé e pastores do Povo de Deus, desempenham um papel central na educação e no estímulo do povo de Deus nos diferentes aspectos da missão evangelizadora, o que inclui o diálogo inter-religioso.

Neste momento, citou a Exortação Apostólica “Pastores Gregis”, de São João Paulo II. Dela, destacou três elementos: primeiro, o fato de o diálogo inter-religioso “fazer parte da missão evangelizadora da Igreja”; segundo, o fato de que cada membro do Povo de Deus vive, em sua realidade – seja no trabalho, na escola ou em outros ambientes, físicos ou não –, a dimensão do encontro inter-religioso; por fim, que é preciso atribuir a devida atenção à promoção do diálogo inter-religioso.

Para isso, destacou que é necessário que o bispo não tome para si toda a responsabilidade da promoção do diálogo e, sim, que crie estruturas necessárias, identifique as pessoas que são capazes e preparadas para também fazê-lo e as incentive a tomar a dianteira junto com o bispo nesse processo.

[archive:20182]

Foto: Gustavo de Oliveira

 

27/01/2017 - Atualizado em 27/01/2017 14:56

Notícia - Desafios evangelizadores na Amazônia

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temp_titleDom_Claudio_Curso_dos_Bispos_2017_27012017162705

Dentre tantas problemáticas e questões sobre a Nova Evangelização, como o endurecimento da fé, a questão da família, transformações culturais em que o mundo vive e que preocupam a Igreja, um tema recentemente abordado pelo Papa Francisco também foi debatido durante o encontro: o cuidado com a Casa Comum.

Baseado na encíclica “Laudato Si’”, o presidente da Comissão para a Amazônia, da CNBB, Cardeal Claudio Hummes, discorreu sobre as dificuldades e desafios na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, cuja região ocupa 7,8 milhões de quilômetros quadrados, tornando-se 7% da superfície total do planeta, abrigando 34 milhões de habitantes, três milhões de indígenas de 390 povos distintos, além de 240 línguas faladas pertencentes a 49 famílias linguísticas e cerca de 50% da biodiversidade mundial.

Para o Cardeal Claudio Hummes, atualmente, o mundo passa por uma grave e urgente crise socioambiental, a qual a natureza já demonstrou não ter forças suficientes para suportar por muito tempo as degradações e descuidos que sofre.

“O Papa Francisco propôs o empenho da Igreja no cuidado de ‘nossa casa comum’ em várias situações, mas, principalmente, na Encíclica “Laudato Si’’. Esse é um documento histórico. Trata-se da grave e urgente crise socioambiental e climática que em nossos dias desafia globalmente a sociedade humana. A nossa irmã, a Mãe Terra, começa a demonstrar que não aguentará por muito tempo a desvairada e gananciosa intervenção humana de que é vítima, principalmente, nos últimos dois séculos. Essa é uma grave crise ecológica mundial”, disse.

Ele ainda acrescentou que, segundo o Papa Francisco, é fundamental que a Igreja assuma esse compromisso com a Casa Comum, uma vez que o grito da natureza é o mesmo dos pobres: ambos vivem em meio às mais diversas situações de abandono.

“O Papa Francisco sublinha que a questão ambiental não apresenta somente uma dimensão econômica e sociopolítica, mas também uma dimensão ética e religiosa, de tal forma que a Igreja tem o dever de nela se empenhar. A dimensão ética consiste na nossa responsabilidade pelos pobres é o mesmo grito pelo abandono a que são relegados, tanto a natureza quanto os pobres. O abandono, a exploração, o descarte, o uso e abuso indevidos, os lixos, a sujeira e assim por diante”, acrescentou.

O cardeal destacou que, dentro da dimensão religiosa, o universo foi dado por Deus ao homem para que dela ele pudesse sobreviver. Além disso, ele abordou uma comunhão porque o Filho do Criador também se fez homem neste mundo com os elementos da Mãe Terra.

“A dimensão religiosa da questão se baseia na nossa fé num Deus Criador. Ele criou o universo e nos entregou, como dom especial, a Mãe Terra, para dela tirarmos o nosso sustento e para dela cuidarmos. Outro aspecto fundamental na dimensão religiosa da questão é o fato de que o Filho de Deus se encarnou e, assim, tomou um corpo formado pelos elementos da Mãe Terra. Um corpo que depois ressuscitou e já está plenamente glorificado também como profecia da nossa ressurreição e da promessa de novos céus e nova Terra”, destacou.

Cardeal Hummes ainda lembrou-se das missões realizadas através de muitos fiéis que se prontificam para atuarem, como corpo místico de Cristo, na região amazônica. Segundo ele, é necessário que a Igreja assuma o “rosto amazônico”, além de um “clero autóctone”.

“Desde o início, a Igreja está presente na Amazônia com missionários, congregações religiosas, sacerdotes, leigos e bispos, e ainda continua presente e determinante no futuro daquela região. Para o Pontífice, a Igreja precisa ter um ‘rosto amazônico’, ou seja, estar inculturada, encarnada, que assuma a história, a identidade, os problemas, desafios e aspirações, os sonhos da população da Amazônia, de modo especial, dos povos originários, que são os indígenas. Uma Igreja profética, missionária, defensora da vida, dos direitos humanos, da preservação da natureza. Se faz necessário também um clero autóctone, que significa ter um clero indígena, com diáconos, sacerdotes  e bispos pertencentes a esse povo”, afirmou.

Apesar dessas ações, Dom Hummes afirmou que ainda são poucos os operários para o trabalho confiado por Deus, principalmente, pela necessidade de mais sacerdotes.

“Faltam missionários, de modo particular, sacerdotes. Todos nós, bispos, sabemos o que significa não ter padres. Faz uma diferença substancial. Não só eles podem e devem ser missionários, mas também os consagrados e leigos. Mas a falta de sacerdotes torna tudo extremamente mais precário e difícil. Basta lembrar que um rebanho sem pastor corre grandes e constantes riscos de se perder. Só um padre é pastor por completo”, completou.

Rede Eclesial Pan-amazônica

Há dois anos, depois de diversos encontros anteriores que reuniram, de uma ou outra forma, representantes de dioceses, prelazias, vicariatos apostólicos da Pan-amazônia, se fundou em Brasília, em 2014, a REPAM (Rede Eclesial Pan-amazônica). Os fundadores da REPAM são nossa Comissão Episcopal para a Amazônia (da CNBB), o Departamento de Justiça e Solidariedade (do CELAM), a CLAR (Confederação Latino-americana e Caribenha de Religiosas e Religiosas) e o SELACC (Secretariado Latino-americano e Caribenho das Cáritas).

Os principais objetivos da REPAM são, entre outros:

Articular todas as forças vivas, eclesiais e sociais que compõe a REPAM, no sentido de um serviço eclesial ao povo da região, especialmente aos mais pobres e vulneráveis, tendo como grande referência a Laudato si’;

Promover uma pastoral de conjunto - como propôs a Conferência de Aparecida – uma colaboração territorial e a dinamização de ações articuladas, sob a luz de uma visão comum pan-amazônica;

Colaborar na promoção integral das populações amazônicas, para que sejam sujeitos de transformação na Igreja e na sociedade;

Fazer tudo para que os povos indígenas voltem a ser sujeitos de sua história, também de sua história religiosa;

Promover e assumir o respeito às culturas, tradições, costumes, crenças, organizações e ritmos da gente da Amazônia;

Assumir a opção preferencial pelos mais pobres e excluídos desses territórios;

Defender os direitos humanos e particularmente os direitos dos povos indígenas, ribeirinhos, afrodescendentes e periferias urbanas;

Trabalhar no sentido do respeito e cuidado pelo meio-ambiente, ecologia, na Amazônia;

Procurar ter incidência nas políticas públicas de caráter local, nacional e internacional em favor da Pan-amazônia e dos diversos territórios amazônicos;

Caminhar junto com as populações locais, com os povos indígenas e outros grupos vulneráveis, para apoiar, articular, formar agentes locais e capacitar lideranças.

[archive:20185]

Foto: Gustavo de Oliveira

27/01/2017 - Atualizado em 27/01/2017 16:31

Notícia - Diálogo islâmico-cristão

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temp_titleDom_Guixot_Curso_dos_Bispos_2017_2_27012017144552

Para tratar a questão do “Diálogo islâmico-cristão”, tema da segunda conferência do secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso (PCDI), Dom Miguel Ángel Ayuso Guixot, dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus (MCCJ), citou o documento “Nostra Aetate”, que incentiva o respeito e estima da Igreja Católica para com os muçulmanos.

Dom Miguel ressaltou as semelhanças e diferenças entre as religiões cristãs e a muçulmana. Explicou que existe uma presença minoritária de cristãos em países predominantemente muçulmanos e importantes minorias islâmicas nos países de tradição cristã. Para ele, esse é um motivo importante para a busca da promoção do diálogo com esse grupo.

Em 1974, o Papa Paulo VI criou a Comissão para as Relações Religiosas com os muçulmanos, organismo ligado ao Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso que tem a tarefa de estudar e promover, em vários aspectos, as relações religiosas entre cristãos e muçulmanos.

Como complicadores da promoção do diálogo, o presbítero citou algumas das transformações e mudanças que vêm ocorrendo no que ele chama de “mundo muçulmano”. Entre outros fatores, ressaltou a recepção ruim da carta “Lectio magistralis”, escrita por Bento XVI em 2006. Ela foi considerada ofensiva por muitas personalidades e instituições muçulmanas, devido a um problema de interpretação.

Ele também falou sobre a “Primavera Árabe”, que poderia representar um início de “secularização” das sociedades muçulmanas e acabou resultando em tragédia. Os conflitos gerados pelo fenômeno causaram o que é hoje a crise dos refugiados, tão combatida pelo Papa Francisco.

O bispo também destacou o jihadismo, surgido recentemente e que pressupõe a violência na manutenção de uma sociedade muçulmana “legítima”, e a criação do estado islâmico, que, segundo ele, “abriu uma página nova e perigosa da nossa história recente com todas as suas consequências negativas, o que levou o Papa Francisco em várias ocasiões a se referir a uma ‘terceira guerra mundial travada em pedaços’ ”.

Contrastes e contradições

Dom Miguel explicou que assim como existem pontos de convergência entre as religiões cristãs e a muçulmana, existem muitos pontos de divergência que não podem ser desconsiderados na hora do diálogo com a religião. A primeira dessas diferenças é o fato de Maomé, na religião católica, não ser um profeta. João Batista teria sido o último profeta, de acordo com a Bíblia.

“Um aspecto importante para se ter presente no diálogo islâmico-cristão é o terminológico que envolve a esfera religiosa. Trata-se, de fato, de ter as ideias claras sobre o uso de alguns termos que não possuem o mesmo significado para os cristãos e para os muçulmanos”, explicou.

Também na interpretação da Sagada Escritura, ele apontou que os muçulmanos têm uma visão bem diferente da dos católicos no que diz respeito aos direitos humanos, ao estatuto da mulher, à liberdade religiosa, à violência, à relação com a modernidade e com o ocidente.

“Todos estes elementos do quebra-cabeça resultam evidentemente na delicada missão de promover o diálogo islâmico-cristão em um espírito de respeito recíproco e de amizade em favor da paz, como tem proposto o Papa Francisco”, pontuou. “No entanto, enquanto pessoas de diálogo, podemos oferecer, de modo desinteressado e amigável, ocasiões de encontro e de reflexão, as quais podem se revelar úteis inclusive para um ‘diálogo intra-religioso’, ou seja, entre os próprios muçulmanos”.

Segundo ele, católicos podem suscitar o diálogo interno de outras comunidades religiosas, apoiando assim aqueles muçulmanos que abertamente se distanciam da violência fundamentalista, que não reconhecem a imagem do Islã proposta pelos terroristas e que, em consequência, sofrem por causa da violência e da guerra.

Ele apontou duas frentes pelas quais cristãos e muçulmanos devem lutar juntos: no empenho para garantir a segurança e na resistência de tipo cultural e ideológico. “Talvez a educação, a escola e a universidade sejam verdadeiramente as chaves para um amanhã mais pacífico”, afirmou.

[archive:20183]

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Foto: Gustavo de Oliveira

27/01/2017 - Atualizado em 27/01/2017 16:37

Notícia - “Não estou eu aqui, que sou sua mãe?”

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temp_titleDom_Eduardo_Sanchez_Curso_dos_Bispos_2017_27012017163911

A última conferência no Curso Anual dos Bispos foi feita pelo cônego honorário da Basílica Nacional de Nossa Senhora de Guadalupe, no México, e cofundador do Instituto Superior de Estudos Guadalupanos, monsenhor Eduardo Chávez Sánchez, com o tema: “Nossa Senhora de Guadalupe, patrona do Continente Americano, nos mostra o caminho de santidade no amor misericordioso de Deus”.

Ele iniciou recordando a experiência de rezar junto com o Papa Francisco, por ocasião de sua visita ao México, em fevereiro de 2016. O Pontífice rezou pelo povo mexicano e por todas as nações, na mesma “casita sagrada” em que o humilde indígena São Juan Diego, há quase cinco séculos, foi eleito pela Virgem Maria para ser seu intercessor e mensageiro de uma boa notícia. 

“Recordemos que a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe é a da mulher grávida. Por isso Jesus Cristo é o centro tanto da imagem como da mensagem. Ela é a Arca viva da Aliança; é ela que nos guia ao verdadeiro Deus, por quem vivemos”, disse.

Ele explicou que Nossa Senhora de Guadalupe tem um objetivo muito preciso: ela muito quer e muito deseja que as pessoas sejam santas, e isso significa edificar um novo templo, a “casita sagrada”, templo do Espírito Santo, templo do verdadeiro Deus; templo, lugar, família, civilização de Deus. Por isso o pedido da Virgem de pedir ao humilde indígena para pedir ao bispo local a autorização para construir uma igreja, um santuário, para que os homens pudessem se reunir para louvar e glorificar a Deus.

“Esta “casita sagrada”, assim como a mensagem e a imagem da Virgem de Guadalupe, são a mesma Igreja Católica, sinal e testemunho do infinito amor misericordioso de Deus para o mundo inteiro”, sublinhou.

Sinal da Misericórdia

Ele acrescentou que é preciso compreender o contexto histórico que aconteceu entre os dias 9 e 12 de dezembro de 1531, em Tepeyac, ao norte da Cidade do México, onde a mensagem da Virgem transcendeu tempos e espaços.

“Esse momento histórico foi, ao mesmo tempo, trágico e repleto de esperança. Em meio à tremenda depressão indígena no tempo dramático da conquista, a uma peste de varíola que dizimou milhões de indígenas, e à decepção de constatar que nada havia adiantado os sacrifícios humanos que travavam juntos na batalha cósmica para sustentar a vida; em meio à consciência inquieta dos espanhóis da época, com suas divisões e avareza”, explicou.

Monsenhor Eduardo destacou que foi nesse intenso e dramático momento da história que se deu o encontro entre Deus e os homens por meio de Nossa Senhora de Guadalupe, fazendo deste acontecimento um encontro cuja mensagem está repleta de esperança.

“O acontecimento guadalupano é uma das mais claras manifestações de que na verdade se trata de um acontecimento salvífico; é a conversão do coração; é o mover em um verdadeiro arrependimento, o ser humano no mais profundo do coração, da alma, do espírito e da razão, como fruto deste encontro com Deus, que sempre toma a iniciativa para que sejamos santos, tornando realidade uma vida plena e total, dando-lhe todo sentido. A Virgem de Guadalupe nos conduz sempre a seu Filho Jesus Cristo. Ela é a estrela da primeira e da nova evangelização”, enfatizou.

Mãe das Nações

O conferencista contou que Maria queria a construção da “casita sagrada” para que, como Mãe compassiva de todos os homens, ela fosse invocada para interceder junto a Deus por todos os prantos do homens, para curar e aliviar as dores, penas e misérias.

“Ela se apresentou como Mãe de todas as nações, cujas fronteiras não existiam; um continente que era sua terra e, mais que isso, estendia seu amor a todas as mais variadas estirpes, ou seja, a todas as nações. Portanto, este encontro com o amor de Deus compreende todo ser humano, em um encontro direto, humilde e pessoal, superando toda divisão e toda barreira; a humanidade é a grande família de Deus, por meio da humildade da serva, Maria”, disse.

As Promessas da Virgem de Guadalupe

O humilde indígena – continuou o conferencista – com muita disposição foi procurar o bispo local para revelar a mensagem e o pedido da Virgem. Este o recebeu, tratou bem, mas não acreditou. Apesar de voltar e insistir, o bispo precisava de uma prova, um sinal. Entre as provas dolorosas, também Juan Diego tinha preocupação com seu tio ancião que estava enfermo.

“Diante das provas, Nossa Senhora de Guadalupe disse ao filho eleito: ‘não  perturbe o teu rosto, teu coração; não temas a enfermidade bem como nenhuma outra, nem coisa alguma, preocupante ou aflitiva. Não estou eu aqui, que sou sua mãe? Não estás sob minha sombra e proteção? Não sou a fonte de tua alegria? Não estás na dobra de meu manto, envolto em meu abraço? Acaso tens necessidade de alguma outra coisa?’. Maria responde precisamente com aquilo pelo qual tanto deseja a construção da “casita sagrada”, casa do Deus todo-poderoso. E seu tio ficou curado”, ressaltou.

À incredulidade do bispo, acrescentou o conferencista, Nossa Senhora dispôs que o sinal fossem flores, flores enraizadas no solo árido, salitroso, pedregoso, morto do Tepeyac e em um tempo frio. Flores! Um sinal totalmente adequado para a mentalidade indígena, um sinal extremamente coerente, dada a grande importância deste sinal que manifestava a verdade. Maria novamente se manifestou como aquela que arraiga o Evangelho na cultura, no coração, de uma forma assombrosa.

“Aparecendo a sagrada imagem da Virgem na ‘tilma’, todos contemplaram e escutavam cheios de emoção o relato de como havia aparecido, bem como cada um dos sinais que expressavam em todo este momento e em sua maravilhosa imagem. Iniciou-se uma das conversões mais impactantes e maravilhosas, sem precedentes na história: em cerca de oito anos se converteram aproximadamente nove milhões de pessoas, e não somente indígenas, mas também espanhóis”, destacou.

Pentecostes na América

No Documento de Aparecida – disse o conferencista – nos é oferecida uma maravilhosa verdade, cheia do orvalho de Tepeyac: “Maria, assim como deu à luz ao Salvador do mundo, trouxe o Evangelho à nossa América”.

No acontecimento guadalupano – continou o monsenhor Eduardo, ainda citando o Documento de Aparecida -, “a Virgem Maria presidiu, junto ao humilde Juan Diego, o Pentecostes que nos abriu ao Espírito. Todos os batizados somos chamados a ‘recomeçar a partir de Cristo’, a reconhecer e seguir sua presença com a mesma realidade e novidade, o mesmo poder e afeto, persuasão e esperança, que teve seu encontro com os primeiros discípulos às margens do Jordão há 2000 anos, e com os ‘Juan Diegos’ do Novo Mundo”.

Na conclusão, o conferencista completou dizendo que “Agora nesta ‘casita sagrada’ chegam, dos quatro cantos do mundo, milhões de peregrinos. E chegam para visitar e agradecer à sua Mãe em sua ‘casita sagrada’, templo do amor misericordioso de Deus, templo da infinita misericórdia, templo da santidade”. Ele ainda recordou uma frase do Papa Bento XVI, extraída do seu livro ‘Jesus de Nazaré’, na página 55: “O Ressuscitado é o novo templo, o verdadeiro lugar de contato entre Deus e o homem”.

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Foto: Gustavo de Oliveira

 

27/01/2017 - Atualizado em 27/01/2017 16:45

Notícia - Franciscanos fazem alerta sobre Hanseníase

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O Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase foi instituído em 1954, no último domingo de janeiro, pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, a data foi instituída pela Lei n.º 12.135, de 2009.

Para marcar a data, os leigos da Ordem Franciscana Secular do Brasil (OFS), promovem a campanha de conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce da doença. A ação visa reforçar a campanha de prevenção e diagnóstico precoce da doença, além de combater o preconceito e o estigma que os hansenianos sofrem.

A campanha pela eliminação da Hanseníase divulga informações de como prevenir e curar a doença. O objetivo geral do projeto é realizar um trabalho socioeducativo e de articulação com o poder público e com a sociedade civil em geral, para a eliminação da Hanseníase no Brasil, alertando a população sobre a importância do diagnóstico precoce da doença e oferecendo informações numa perspectiva de ação dos direitos do cidadão.

Os principais sinais da doença são manchas avermelhadas pelo corpo e sem sensibilidade. Além disso, o paciente pode ter dor neural (nos nervos), dormência, cansaço e fisgadas nas pernas e nos pés. Se esses sintomas surgirem é necessário buscar um especialista. Quanto mais cedo a doença é diagnosticada será possível evitar lesões permanentes e possíveis amputações. Em geral, os primeiros sintomas da doença aparecem entre três e cinco anos depois do contato com a bactéria.

O Brasil registrou 28.761  novos casos de Hanseníase em 2015, incluindo 24.612 novos casos. Segundo a OMS, foram registrados 211.973 novos casos em todo o mundo. A Índia detém cerca de 60% dos casos mundiais, seguido pelo Brasil e a Indonésia. Juntos, esses países respondem por 81% dos novos pacientes.

A doença, que durante séculos foi chamada de lepra, é considerada praticamente extinta em países desenvolvidos, como a França. Os avanços da ciência garantiram o tratamento e cura da doença, mas para reduzir as estatísticas é preciso que se intensifiquem os esforços nas ações de prevenção e no tratamento da doença com mais campanhas de conscientização da população e qualificação dos profissionais de saúde para melhor atender os pacientes.

Saiba mais sobre a doença

A Hanseníase é uma doença silenciosa e endêmica, causada pelo bacilo ‘Mycobacterium leprae’, que ataca a pele e nervos periféricos, mas que também pode afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos. A doença se apresenta de maneira contagiosa ou não, sendo transmitida pelo ar.

A microbactéria é transmitida por quem não faz o tratamento necessário e o contágio pode se dar em qualquer lugar, como praias, ônibus, em supermercados, e não apenas em áreas pobres, como muitas pessoas pensam, afetando qualquer idade e classe social e todas as partes do corpo.

Geralmente, há perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato, com alterações também na secreção do suor. Pode ser transmitida por meio de gotículas lançadas no ar pela fala, tosse ou espirro. A doença tem período de incubação que varia entre 2 e 5 anos, sua primeira manifestação consiste no aparecimento de manchas dormentes, de cor avermelhada ou esbranquiçada, em qualquer região do corpo como placas, caroços, inchaço, fraqueza muscular e dor nas articulações podem ser outros sintomas.

A hanseníase é curável se for diagnosticada precocemente e o tratamento – que tem duração média de 6 meses – é disponibilizado gratuitamente em toda a rede de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS). Quando a doença é detectada, toda a família deve ser avaliada e acompanhada. Quanto mais cedo a doença é diagnosticada, é possível evitar lesões permanentes e possíveis amputações.

Com o avanço da doença, o número de manchas ou o tamanho das já existentes aumenta e os nervos ficam comprometidos, podendo causar deformações em regiões como nariz e dedos, impedindo determinados movimentos como abrir  e fechar as mãos.

O diagnóstico consiste, principalmente, na avaliação clínica na aplicação de testes de sensibilidade, força motora e palpação dos nervos dos braços, pernas e olhos. Dependendo do caso, exames laboratoriais como biópsia podem ser necessários. 

Em caso de dúvida, procure um posto de saúde e faça o exame. O caminho para a cura é a informação. 

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Foto: Divulgação


27/01/2017 - Atualizado em 27/01/2017 17:21

Notícia - Pastoral da Sobriedade inicia suas atividades

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A Pastoral da Sobriedade da Arquidiocese do Rio de Janeiro celebrará no próximo domingo, dia 29 de janeiro, na Casa Mãe do Santíssimo Sacramento, a abertura das atividades de 2017. A celebração será presidida pelo diácono permanente Vorni Aguiar Monteiro, que assiste o grupo de auto-ajuda da pastoral na Paróquia São Sebastião, em Parada de Lucas, no Vicariato Leopoldina.

Na programação, será apresentado o calendário arquidiocesano de atividades da pastoral e sua nova coordenação que será exercida pelos irmãos José Roberto Silvestre e Cristina de Fátima Carvalho.

Após a celebração de envio dos novos coordenadores haverá um almoço solidário no valor de R$ 20 com cardápio variado e cuja renda será revertida para o custeio das despesas da sede arquidiocesana da pastoral que funciona na Casa Mãe do Santíssimo Sacramento.

Para o vigário adjunto da Caridade Social, Padre Marcos Vinício, o trabalho da Pastoral da Sobriedade tem sido uma atuação especial da Igreja diante de um problema da sociedade:

"É uma resposta concreta da Igreja a um problema social. O nosso desafio se apresenta frente a esse flagelo da droga, que assola direta ou indiretamente quase cem milhões de brasileiros, e que há muito tempo vem escravizando, tirando a dignidade e a consciência de muitos dependentes e desestruturando a vida familiar. Como Igreja não podemos nos omitir e queremos trabalhar de forma articulada com toda sociedade para atuar na prevenção e promoção da vida", disse.

A Casa Mãe do Santíssimo Sacramento fica na Rua Pedro de Calazans, 55, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio.

Conheça a Pastoral da Sobriedade

A Pastoral da Sobriedade é uma ação concreta da Igreja que evangeliza pela busca da sobriedade como um modo de vida. A pastoral tem como objetivo prevenir e recuperar da dependência química e outras dependências, a partir da vivência dos “12 passos da Pastoral da Sobriedade” ou “Terapia do Amor”, pois trata todo e qualquer tipo de dependência, propõe mudança e valoriza a pessoa humana.

Os 12 passos são vivenciados periódica e clinicamente, traduzindo um Programa de Vida Nova que cumpre a primeira missão da Igreja: a evangelização. Os 12 passos são: admitir, confiar, entregar, arrepender-se, confessar, renascer, reparar, professar a fé, orar e vigiar, servir, celebrar e festejar.

A pastoral busca desenvolver ações conjuntas para integrar todas as pastorais, movimentos e comunidades terapêuticas, casas de recuperação para através da pedagogia libertadora de Jesus, resgatar e reinserir os excluídos, propondo uma mudança de vida através da conversão.

A identidade da Pastoral da Sobriedade é o grupo de auto-ajuda, espaço de consolidação de seu trabalho. A pastoral capacita aqueles, que de alguma maneira, se identificam com a causa e desejam lutar pela vida, tornando-se um agente.

Informações de como implantar a pastoral na paróquia podem ser obtidas através do e-mail sobriedade_rj@yahoo.com.br.

Foto: Divulgação


27/01/2017 - Atualizado em 27/01/2017 17:36


Notícia - A plenitude do Sacramento da Ordem

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No dia em que a Igreja faz memória a Santo Tomás de Aquino, professor e consultor da Ordem – 28 de janeiro –, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro ganhou, com a graça de Deus, dois novos bispos auxiliares: Dom Joel Portella Amado e Dom Paulo Alves Romão. A Santa Missa com o Rito de Ordenação Episcopal, celebrada na Catedral Metropolitana, foi presidida pelo arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, e concelebrada pelo bispo auxiliar emérito da Arquidiocese, Dom Assis Lopes, e por Dom Filippo Santoro, arcebispo da Arquidiocese de Taranto, na Itália. Também era grande o número de bispos de todo país, presbíteros, diáconos, seminaristas, religiosos, autoridades civis e fiéis de toda a cidade.

Ao iniciar a Celebração Eucarística, Dom Orani saudou os presentes e ressaltou que a ordenação episcopal era um momento de fé e alegria para todo o povo carioca, pois se tornava visível à ação de Deus no meio do seu povo.

“Agradecemos a Deus por esse grande dom para a Igreja e no Rio de Janeiro, de modo particular, louvamos o Senhor por mais dois bispos auxiliares que junto conosco vão desempenhar sua missão e seu trabalho de evangelização nessa grande cidade. Que este momento possa nos inspirar a realizar cada vez mais e melhor a evangelização de todo o nosso povo, e que possamos enxergar a providência de Deus em toda a nossa caminhada e em nossa vida”, desejou o arcebispo.

Rito de ordenação

No rito de ordenação, momento de grande emoção, foram lidos, separadamente, os decretos enviados pela Nunciatura Apostólica no Brasil, que levou para toda a comunidade do Rio, a mensagem do Sumo Pontífice, o Papa Francisco.

Em seguida, Dom Orani proferiu a homilia, destacando a importância da missão dos dois novos bispos. O arcebispo ressaltou ainda que eles estão sendo ordenados para ajudarem a levar a Boa Nova de Jesus a todos aqueles que, membros do Corpo Místico de Cristo, esperam da solicitude dos bispos, com novos métodos e novas ações pastorais, o importante anúncio de Cristo Ressuscitado. Cardeal Tempesta disse ainda que eles foram enviados para serem missionários dentro de uma realidade complexa, bonita e desafiante que é a Igreja viva.

“Nossa cidade necessita de apóstolos de diversos tipos que evangelizam, vão ao encontro dos mais necessitados, vivem a missionariedade visitando os irmãos indo de casa em casa, testemunhem verdadeiramente uma Igreja em saída. Necessitamos daqueles que a Igreja ordena para serem sucessores dos apóstolos, para estarem em serviço, que dialoguem na fé, que sejam sinais de Jesus Cristo. Sabemos que a mediação é feita através do homem, mas cremos e reconhecemos que quem escolhe é Deus. Por isso, louvamos ao Pai que do clero da Arquidiocese do Rio, formados pelo nosso Seminário Arquidiocesano São José e pela nossa Pontifícia Universidade Católica, saiam dois novos apóstolos para serem conosco aqueles que estão a serviço. É a igreja do Rio que oferece esses dons a Igreja presente no mundo inteiro”, afirmou.

Dom Orani também agradeceu ao Santo Padre, o Papa Francisco, por conceder a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro esse dom e essa graça de ganhar mais dois novos bispos auxiliares, que atuarão junto aos demais no serviço aos oito vicariatos territoriais desta grande metrópole que é a Cidade Maravilhosa. Cardeal Tempesta recordou ainda os lemas episcopais escolhidos pelos eleitos: “Tudo para todos pelo Evangelho” (1Cor, 9, 22), passagem bíblica escolhida por Dom Joel Portella Amado, e ‘Viver é Cristo’ (Fl 1, 21), elegida por Dom Paulo Alves Romão.

“Que toda a nossa cidade exulte de alegria por essa benção e que rezem para que nossos novos bispos auxiliares possam viver esse pastoreio que foram chamados sempre servindo a Deus e aos irmãos. Que o ‘viver é Cristo’ possa ser sempre a sua luz caríssimo Paulo Romão, e que essa experiência de um pastor que sempre vive com Cristo o faça servir com alegria nessa nossa cidade. Que esse ser ‘tudo para todos pelo Evangelho’ querido Joel, faça o senhor deixar-se consumir pelo serviço ao povo de Deus porque encontrastes com Jesus Cristo. Esses dois lemas demonstram que Deus nos escolheu e nos envia para confirmar os irmãos na fé e nos faz testemunhas da sua ressurreição. Vemos os sinais e a ação do Espírito Santo, por isso, que possamos dar graças e louvar o Senhor, realizando cada vez mais e melhor nossa missão diante desse grande trabalho com essa imensa população que Deus nos confiou”, exortou o arcebispo.

Depois da homilia, os bispos eleitos foram interrogados pelo Bispo Ordenante, Dom Orani, quanto à fé e a futura missão. Em seguida, prostrados, ouviram toda igreja cantar a Ladainha de Todos os Santos.

Continuando o rito, foi realizada a imposição das mãos e prece de ordenação. Nesse momento, em silêncio, Dom Orani, seguido de todos os bispos presentes, impôs as mãos sobre cada um dos eleitos. Também o livro dos Evangelhos foi imposto, aberto, sobre a cabeça dos novos bispos e foi feita uma oração.

Por fim, Dom Orani ungiu a cabeça de cada um dos ordenados e os entregou o Livro dos Evangelhos, a mitra, e o báculo. Cardeal Tempesta também colocou o anel no dedo anular da mão direita deles em sinal da fidelidade a Igreja, esposa de Deus. Em um gesto de acolhida ao colégio dos bispos, os ordenados receberam o abraço da paz não só do arcebispo do Rio, mas de todos os bispos presentes.

Antes de terminar a Celebração Eucarística, os novos bispos abençoaram o povo. Dom Paulo Romão fez o agradecimento em nome dos novos ordenados. Nele, destacou a mensagem do Papa Francisco e ressaltou que a força do Evangelho os interpela, afirmando que diante desta realidade, ambos querem responder sempre com prontidão.

“É grande e profundo este mistério que nos toca, por isso, fazemos das palavras do Papa Francisco também as nossas: ‘É precisamente Cristo que, no ministério do bispo, continua pregando o Evangelho de salvação e santificando os crentes mediante os sacramentos da fé; é Cristo que na paternidade do bispo enriquece com novos membros o seu corpo que é a Igreja; é Cristo que na sabedoria e prudência do bispo guia o povo de Deus na peregrinação terrena até a felicidade eterna’. Sabemos bem que a fecundidade da nossa missão como sucessores dos apóstolos tem sua fonte inesgotável neste ‘permanecer no meu amor’, isto é, no amor de Cristo, dando a vida pelas suas ovelhas”, disse agradecido em seu discurso Dom Paulo Romão.

28/01/2017 - Atualizado em 28/01/2017 13:05

Notícia - Papa: A maior força da Igreja está nas pequenas igrejas perseguidas

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A maior força da Igreja hoje está nas pequenas Igrejas perseguidas. Foi o que disse o Papa na missa celebrada na manhã desta segunda-feira, dia 30 de janeiro, na Casa Santa Marta. A homilia do Pontífice foi dedicada aos mártires.

Ouça a reportagem na íntegra.

“Sem memória não há esperança”, afirmou o Papa comentando a Carta aos Hebreus, na qual se exorta a recordar toda a história do povo do Senhor. Antes de tudo, uma “memória de docilidade”, “a memória da docilidade de tantas pessoas, começando por Abrãao que, obediente, saiu de sua terra sem saber onde ia. Em especial, no 11º capítulo da primeira leitura, se fala de outras duas memórias. A memoria dos grandes gestos do Senhor, realizado por Gedeão, Barac, Sansão, Davi “tantas pessoas – disse o Papa – que fizeram grandes gestos na história de Israel”.

A mídia não fala dos mártires de hoje

E depois há um terceiro grupo do qual fazer memória, a “memória dos mártires”: “os que sofreram e deram a vida como Jesus”, que “foram lapidados, torturados, mortos na espada”. De fato, a Igreja é “este povo de Deus”, “pecador, mas dócil”, “que faz grandes coisas e testemunha também Jesus Cristo até o martírio”:

“Os mártires são aqueles que levam avante a Igreja, são os que a amparam, que a ampararam no passado e a ampararam hoje. E hoje existem mais mártires do que nos primeiros séculos. A mídia não fala porque não faz notícia, mas muitos cristãos no mundo hoje são bem-aventurados porque perseguidos, insultados, presos. Há muitos nas prisões, somente por carregar uma cruz ou por confessar Jesus Cristo! Esta è a gloria da Igreja e o nosso amparo e também a nossa humilhação: nós que temos tudo, tudo parece fácil para nós e se nos falta alguma coisa reclamamos... Mas pensemos nesses irmãos e irmãs que hoje, num número maior do que nos primeiros séculos, sofrem o martírio!”. 

“Não me esqueço”, prosseguiu Francisco, “o testemunho daquele sacerdote e daquela religiosa na catedral de Tirana: anos e anos de prisão, trabalho forçado e humilhação”, para os quais não existiam os direitos humanos.

A força da Igreja são as pequenas Igrejas perseguidas

O Papa recordou que a maior força da Igreja hoje está nas “pequenas Igrejas perseguidas”:

“Também nós, é verdade e também justo, ficamos satisfeitos quando vemos uma ação eclesial grande, que teve muito sucesso, os cristãos que se manifestam. Isso é bonito! Esta é a força? Sim, é força, mas a força maior da Igreja hoje está nas pequenas Igrejas, pequeninas, com pouca gente, Igrejas perseguidas, com os seus bispos no cárcere. Esta é a nossa glória hoje. Esta é a nossa glória e a nossa força hoje.”

Sangue dos mártires é semente de cristãos

“Ousaria dizer: Uma Igreja sem mártires é uma Igreja sem Jesus”, afirmou e na conclusão o Papa convidou a rezar “pelos nossos mártires que sofrem muito”, “por aquelas Igrejas que não são livres de se expressar”. “Elas são a nossa esperança”. O Papa recordou que nos primeiros séculos da Igreja um antigo escritor dizia: “O sangue dos cristãos, o sangue dos mártires, é semente dos cristãos.”

“Eles com o seu martírio, o seu testemunho, com o seu sofrimento, doando a vida, oferecendo a vida, semeiam cristãos para o futuro e em outras Igrejas. Ofereçamos esta missa pelos nossos mártires, por aqueles que agora sofrem, pelas Igrejas que sofrem, que não têm liberdade, e agradeçamos ao Senhor por Ele estar presente com a força de seu Espírito nesses nossos irmãos e irmãs que hoje dão testemunho D'Ele.”

Foto: Site oficial da RV

30/01/2017 - Atualizado em 30/01/2017 09:58

Formação - A Palavra de Deus na Bíblia (77): Interpretação e tradução da Bíblia

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Com o item “Publicações”, concluímos a exposição sobre o “Papel do exegeta católico”. Encerramos, assim, esta importante questão para prosseguirmos a exposição e a análise de outros aspectos do exercício da exegese católica. De que maneira a exegese se relaciona com as outras ciências teológicas?

Neste setor, a necessidade de atualização da mensagem bíblica faz-se sentir de maneira mais premente. Isso significa que os exegetas levem em consideração as legítimas exigências das pessoas instruídas e cultas de nosso tempo e distinguam claramente, para o bem delas, o que deve ser olhado como detalhe secundário condicionado pela época, o que é preciso interpretar com linguagem mítica e o que é preciso apreciar como sentido próprio, histórico e inspirado[1]..

O exegeta tem uma formação sofisticada, o suficiente para poder ‘atualizar’ os textos (tradução) das Sagradas Escrituras sem trair sua mensagem.

Assim, ele possibilita que o texto e sua mensagem tramitem no tempo, sejam acessíveis aos leitores com suas exigências particulares, alocadas nas diversas culturas e, ao mesmo tempo, atualizando a mensagem, sejam fidedignos guardiões e transmissores da Palavra de Deus!

Os escritos bíblicos não foram compostos em linguagem moderna, nem em estilo do século XX. As formas de expressão e os gêneros literários que eles utilizam no texto hebreu, aramaico ou grego devem ser tornados inteligíveis aos homens e mulheres de hoje que, de outra maneira, seriam tentados ou a perder o interesse pela Bíblia, ou a interpretá-la de maneira simplista: literalista ou fantasiosa[2].

Em toda a diversidade de suas tarefas, o exegeta católico não tem outra finalidade senão o serviço da Palavra de Deus.

Sua ambição não é substituir aos textos bíblicos os resultados de seu trabalho, que se trate de reconstituição de documentos antigos utilizados pelos autores inspirados ou de uma apresentação moderna das últimas conclusões da ciência exegética. Sua ambição é, ao contrário, colocar em maior evidência os próprios textos bíblicos, ajudando a apreciá-los melhor e a compreendê-los com sempre mais exatidão histórica e profundidade espiritual.

Para que o exegeta não substitua com sua ciência o verdadeiro conteúdo das Escrituras Sagradas, que ele ajuda a interpretar, atualizar e conhecer, é preciso que ele permaneça em comunhão de fé com a Igreja, que seja o primeiro a crer e orar com as Escrituras, de modo a se tornar, dela, o servo fiel.

As relações com as outras disciplinas teológicas

Sendo ela mesma uma disciplina teológica,  fides quaerens intellectum, a exegese mantém relações estreitas e complexas com as outras disciplinas da teologia. De um lado, efetivamente, a teologia sistemática tem uma influência sobre a pré-compreensão com a qual os exegetas abordam os textos bíblicos. Mas, de outro lado, a exegese fornece às outras disciplinas teológicas dados que lhes são fundamentais. São estabelecidas, então, relações de diálogo entre a exegese e as outras disciplinas teológicas, no respeito mútuo à especificidade de cada uma delas.

Referências:

06/01/2017 - Atualizado em 30/01/2017 16:30

Formação - A Palavra de Deus na Bíblia (78): Interpretação e tradução da Bíblia

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No universo da interpretação bíblica, a exegese estabelece não somente a qualidade semântica do texto bíblico, isto é, possibilita aos leitores uma correta compreensão dos significados da Revelação ali incluídos, como também, e por isso mesmo, está posta em relação com outras ciências teológicas. Continuamos neste artigo a examinar essas relações.

2. Exegese e teologia dogmática

Sem ser seu único locus theologicus, a Santa Escritura constitui a base privilegiada dos estudos teológicos. Para interpretar a Escritura com exatidão científica e precisão, os teólogos necessitam do trabalho dos exegetas. De outro lado, os exegetas devem orientar suas pesquisas de tal maneira que o “estudo da Santa Escritura” possa efetivamente ser “como a alma da teologia” (Dei Verbum, 24). A este efeito, é preciso dar uma atenção particular ao conteúdo religioso dos escritos bíblicos[1].

A primeira afirmação do documento não pode passar despercebida ao leitor deste texto: ‘Sem ser seu único locus theologicus, a Santa Escritura constitui a base privilegiada dos estudos teológicos’. Exatamente isso, a Bíblia constitui-se com a tradição da Igreja a fonte do conhecimento da revelação. Nada se admite, por isso, sola Scriptura, como projetou erroneamente Lutero.

De outra parte, não se realiza e se estrutura a teologia católica sem o ardor, o estudo e o amor às Sagradas Escrituras, testemunha fidedigna da revelação, ‘alma da teologia’.

Os exegetas podem ajudar os dogmáticos a evitar dois extremos: de um lado o dualismo, que separa completamente uma verdade doutrinal de sua expressão linguística, considerada como sem importância; de outro lado o fundamentalismo que, confundindo o humano e o divino, considera como verdade revelada mesmo os aspectos contingentes das expressões humanas.

A colaboração entre exegetas e teólogos no universo da religião é de grande valia para os fiéis. Esses colaboram para a preservação de uma forma sadia da experiência religiosa, na qual a razão e a fé se relacionam de modo equânime, sem exclusões mútuas, que mutilam o rosto e a dinâmica da fé.

Destaco também a perspectiva do ‘fundamentalismo’ apresentada no documento, isto é, a força de sua imensa sedução sobre as massas no fundamentalismo existe, de modo inconfessado, na forma de ‘panteísmo’, uma fusão entre humano e divino. Não se trata de uma compreensão correta do Mistério da Encarnação, mas de uma distorção ou manipulação da fé, em geral, em vista do lucro pessoal e de finalidades pecuniárias.

Para evitar esses dois extremos é preciso distinguir sem separar, e assim aceitar uma tensão persistente. A Palavra de Deus exprimiu-se na obra de autores humanos. Pensamento e palavras são ao mesmo tempo de Deus e do homem, de maneira que tudo na Bíblia vem ao mesmo tempo de Deus e do autor inspirado.

Não se conclui, no entanto, que Deus tenha dado um valor absoluto ao condicionamento histórico de sua mensagem. Esta é suscetível de ser interpretada e atualizada, isto é, de ser separada, pelo menos parcialmente, de seu condicionamento histórico passado para ser transplantada no condicionamento histórico presente.

O exegeta estabelece as bases desta operação que o dogmático continua, levando em consideração os outros loci theologici[2] que contribuem ao desenvolvimento do dogma[3].

Passemos assim a outro campo não menos importante de relacionamento colaborativo entre a exegese e a teologia.

3. Exegese e teologia moral

Observações análogas podem ser feitas sobre as relações entre exegese e teologia moral. Aos relatos concernentes à história da salvação, a Bíblia une estreitamente múltiplas instruções sobre a conduta a ser mantida: mandamentos, interdições, prescrições jurídicas, exortações, invectivas proféticas, conselhos de sábios. Uma das tarefas da exegese consiste em precisar o alcance deste abundante material e em preparar, assim, o trabalho dos moralistas[4].

Em contato com a Palavra de Deus, o crente, como ouvinte do Verbo Encarnado, torna-se sábio, adquire conhecimento, ciência do absoluto e da realidade celeste, mas também percebe com clareza que nem todos os modos de proceder, nem todas as formas sociais de vida correspondem a este cabedal trazido pela revelação. Em outras palavras, a liberdade redimida do pecado tem uma trajetória própria, em consonância com o agir de Cristo.

Esta tarefa não é simples, pois muitas vezes os textos bíblicos não se preocupam em distinguir preceitos morais universais, prescrições de pureza ritual e ordens jurídicas particulares. Tudo é posto junto[5].

Referências:

13/01/2017 - Atualizado em 30/01/2017 16:33

Formação - A Palavra de Deus na Bíblia (79): Interpretação e tradução da Bíblia

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Neste artigo permaneceremos no campo das relações entre a Exegese bíblica e os vários setores da Teologia. O estabelecimento destas relações não é secundário na construção sólida do conhecimento da Palavra de Deus como alicerce do pensamento e da práxis da teologia, já que a Teologia é a inteligência da ação da Igreja no Mundo, e uma das fontes de sua Identidade.

3. A Exegese e a Teologia Moral

Observações análogas podem ser feitas sobre as relações entre exegese e teologia moral. Aos relatos concernentes à história da salvação, a Bíblia une estreitamente múltiplas instruções sobre a conduta a ser mantida: mandamentos, interdições, prescrições jurídicas, exortações, invectivas proféticas, conselhos de sábios. Uma das tarefas da exegese consiste em precisar o alcance deste abundante material e em preparar, assim, o trabalho dos moralistas[1].

            De novo, a Igreja afirma a precedência dos exercícios teológicos não pode faltar o trabalho exaustivo dos exegetas, que perscrutam nas Escrituras os diversos e sempre atualizáveis significados da Palavra de Deus, para que os teólogos explorem à luz da tradição e da história na qual vivem as re-proposições permanentes, os estímulos que a Revelação oferece à vivência da Vontade de Deus, em comunhão com Cristo.

Esta tarefa não é simples, pois muitas vezes os textos bíblicos não se preocupam em distinguir preceitos morais universais, prescrições de pureza ritual e ordens jurídicas particulares. Tudo é posto junto. De outro lado, a Bíblia reflete uma evolução moral considerável, que encontra sua perfeição no Novo Testamento[2].

Um leitor desatento poderia perguntar-se sobre a relevância desta tarefa de discernimento. Fica evidente na observação do comportamento das seitas cristãs, a confusão, às vezes proposital destes níveis de exigências morais, decorrentes da Revelação que incidem na conduta dos crentes.

Nota-se que esta confusão entre essencial e relativo, produz uma confusão na consciência dos crentes, e implicará num ‘moralismo’ infundado criticamente.

Não é suficiente que uma certa posição em matéria de moral seja atestada no Antigo Testamento (por exemplo, a prática da escravidão ou do divórcio, ou aquela das exterminações em caso de guerra), para que esta posição continue a ser válida.

Um discernimento deve ser feito, levando em conta o necessário progresso da consciência moral. Os escritos do Antigo Testamento contêm elementos « imperfeitos e caducos » (Dei Verbum, 15), que a pedagogia divina não podia eliminar de uma só vez. O Novo Testamento mesmo não é fácil de interpretar no domínio da moral, pois muitas vezes ele se exprime através de imagem, ou de maneira paradoxal, ou mesmo provocadora, e a relação dos cristãos com a Lei judaica é objeto aqui de ásperas controvérsias[3].

Ao longo do Novo Testamento encontramos Jesus que apresenta os definitivos fundamentos de uma Moral cristã, dinâmica e perene. Na história da Igreja todas as vezes que este discernimento falha, encontramo-nos enredados por ‘moralismos anacrônicos’ ou por ‘libertismos’ na edificação da conduta moral cristã.

Os moralistas são, assim, levados a apresentar aos exegetas muitas questões importantes que estimularão suas pesquisas. Em mais de um caso, a resposta poderá ser que nenhum texto bíblico trata explicitamente do problema considerado. Mas mesmo assim o testemunho da Bíblia, compreendido em seu vigoroso dinamismo de conjunto, não pode deixar de ajudar a definir uma orientação fecunda. Sobre os pontos mais importantes, a moral do Decálogo permanece fundamental[4].  

Mais uma vez, o documento chama atenção para o fato que a construção da identidade da doutrina cristã autenticamente elaborada pela Igreja, funda-se indiscutivelmente sobre as Escrituras, mas, não exclusivamente na literalidade de textos isolados. O conjunto da tradição da Igreja, pela inspiração do Espírito Santo garante à Igreja uma visão de conjunto da Fé.

O Antigo Testamento contém já os princípios e os valores que comandam um agir plenamente conforme à dignidade da pessoa humana, criada « à imagem de Deus » (Gn 1,27). 0 Novo Testamento coloca esses princípios e esses valores em grande evidência, graças à revelação do amor de Deus no Cristo.

Referências:

20/01/2017 - Atualizado em 30/01/2017 16:36

Formação - Folheto da Missa - 5° Domingo do Tempo Comum - 2017

Formação - A Palavra de Deus na Bíblia (80): Interpretação e tradução da Bíblia

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Neste artigo concluímos os temas das relações entre exegese bíblica e os domínios da teologia. Atingimos assim uma síntese sobre estas complexas interações entre campos tão distintos, tão importantes para o funcionamento correto da inteligência da fé católica.

4. Pontos de vista diferentes e interação necessária

Em seu documento de 1988 sobre a interpretação dos dogmas, a Comissão Teológica Internacional lembrou que, nos tempos modernos, um conflito surgiu entre a exegese e a teologia dogmática; ela observa em seguida às contribuições da exegese moderna à teologia sistemática (A interpretação dos dogmas, 1988, C.I, 2).1

Segundo o documento citado, referente à Comissão Teológica Internacional (1988), diversas correntes teológicas contemporâneas colocaram em risco, no contexto de um subjetivismo exacerbado, a dimensão e as referências essenciais do dogma na formação e na identidade da fé e da teologia católica:

Alcune correnti della teologia contemporanea che s’inseriscono all’interno del movimento ermeneutico concentrano la loro attenzione sul problema del senso dei dogmi, trascurando però la questione della loro verità immutabile. Così la teologia della liberazione e la teologia femminista radicale pongono l’interpretazione della fede sul piano dei fattori socioeconomici e culturali; di conseguenza, il progresso sociale e l’emancipazione della donna diventano i criteri che decidono il senso dei dogmi2.

Assim afirma a Igreja:

Algumas correntes de teologia contemporânea que são inseridas dentro do movimento hermenêutico centram a sua atenção sobre o problema do significado de dogmas, negligenciando a questão da sua verdade imutável. 

Assim, a teologia da libertação e a teologia feminista radical representam a interpretação da fé em termos de fatores socioeconômicos e culturais; como resultado, o progresso social e a emancipação da mulher tornam-se os critérios que decidem a direção do dogma.

Tudo isso para afirmar que no dogma interpretado em diversas circunstâncias ao longo de sua decorrência, ao longo do percurso histórico da Igreja, permanece o critério do qual se atualiza e se lê a história, campo de ação concreto da ação pastoral eclesial e não o contrário: ‘o progresso social e a emancipação da mulher tornam-se os critérios que decidem a direção do dogma’.

O documento especifica que as contradições e incongruências entre a exegese bíblica e a teologia dogmática não provêm de um comportamento interno, de natureza, mas da interferência da ‘teologia liberal’ no percurso da teologia católica, presente em alguns setores:

Para maior precisão, é útil acrescentar que o conflito foi provocado pela exegese liberal. Entre a exegese católica e a teologia dogmática não houve conflito generalizado, mas apenas momentos de forte tensão. É bem verdade, no entanto, que a tensão pode degenerar em conflito se de um lado e de outro endurecem-se legítimas diferenças de pontos de vista até transformá-las em oposições irredutíveis3.

Portanto, na origem dos conflitos graves entre a exegese bíblica católica e a teologia dogmática estaria a interferência de uma forma protestante, do século XX, que de certa maneira seduz muitos exegetas e teólogos católicos a modificar suas relações com a autoridade das Sagradas Escrituras e assim, necessariamente, com a interpretação do dogmática:

Teologia liberal (ou liberalismo teológico) foi um movimento teológico cuja produção se deu entre o final do século XVIII e o início do século XX. Relativizando a autoridade da Bíblia, o liberalismo teológico estabeleceu uma mescla da doutrina bíblica com a filosofia e as ciências da religião. Ainda hoje, um autor que não reconhece a autoridade final da Bíblia em termos de fé e doutrina é denominado, pelo protestantismo ortodoxo, de “teólogo liberal”. Oficialmente, a teologia liberal se iniciou, no meio evangélico, com o alemão Friedrich Schleiermacher(1768-1834), o qual negava essa autoridade e igualmente a historicidade dos milagres de Cristo. Ele não deixou uma só doutrina bíblica sem contestação. Para ele, o que valia era o sentimento humano: se a pessoa “sentia” a comunhão com Deus, ela estaria salva, mesmo sem crer no Evangelho de Cristo4.

A discussão é férvida e traz ainda muito debate ao interno das correntes teológicas, sejam católicas ou protestantes. No entanto, o que interessa aqui é perceber que as fontes hermenêuticas erradas produzirão frutos enganosos, e, portanto, uma intoxicação da leitura genuína da Palavra de Deus na vida do Povo de Deus:

O dogmático realiza uma obra mais especulativa e mais sistemática. Por esta razão ele só se interessa verdadeiramente por certos textos e por certos aspectos da Bíblia e, aliás, ele leva em consideração muitos outros dados que não são bíblicos — escritos patrísticos, definições conciliares, outros documentos do Magistério, liturgia —, assim como sistemas filosóficos e a situação cultural, social e política contemporânea. Sua tarefa não é simplesmente interpretar a Bíblia, mas visar uma compreensão plenamente refletida da fé cristã em todas as suas dimensões e especialmente em sua relação decisiva com a existência humana5.

Referências:

1http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html#IV

2http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_cti_1989_interpretazione-dogmi_it.html

3http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html#IV

4hhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_liberal . Mais detalhadamente: http://solascriptura-tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/TeologiaLiberal-Liberalismo-DRaphael.htm

5http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html#IV

27/01/2017 - Atualizado em 30/01/2017 16:39


Formação - Ordenação Episcopal Bispos Auxiliares para nossa Arquidiocese

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É um momento especial de nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, cujo amado padroeiro celebramos, com grande entusiasmo, há poucos dias, pois dois sacerdotes nossos, formados pelo nosso Seminário Arquidiocesano São José, ordenados pelo nosso amado predecessor, o sempre querido Cardeal Eugênio de Araújo Sales, são sagrados Bispos. É o terceiro grau do Sacramento da Ordem no serviço à Igreja. Hoje celebramos a memória de S. Tomás de Aquino, Presbítero e Doutor da Igreja.

Gostaria, portanto, de relembrar um pouco da vida de cada um, já – creio eu – bem conhecida de todos ou ao menos de grande parte do nosso povo, para depois apontar algumas linhas do Episcopado enquanto serviço ao Povo de Deus, conforme já nos indica o Evangelho (o maior é aquele que serve), como tem relembrado com certa frequência o Papa Francisco.

Monsenhor Joel Portella Amado

Monsenhor Joel Portella Amado pertence ao clero diocesano do Rio de Janeiro. Nascido em 2 de outubro de 1954, na cidade do Rio de Janeiro, teve a formação para o sacerdócio no Seminário Arquidiocesano São José. Foi ordenado presbítero em 12 de outubro de 1982 pela imposição das mãos de meu amado predecessor, Cardeal Eugênio de Araújo Sales. Desde a sua ordenação, foi pároco nas Paróquias Jesus Ressuscitado (1982-1991) e Nossa Senhora da Vitória (1991-2014). Até o dia de hoje é o pároco da Paróquia São Sebastião, Catedral Metropolitana. Tem exercido, ainda, outras funções em nível arquidiocesano, tais como: Vigário Forâneo, Membro do Conselho Presbiteral e do Colégio de Consultores, Coordenador de Pastoral e Vigário Geral. Foi membro do INP – Instituto Nacional de Pastoral (2008-2012) e membro de reflexão teológico-pastoral do CELAM (2014-2016). Membro do colendo Cabido Metropolitano e nomeado Capelão de Sua Santidade pelo Papa Bento XVI. É, ainda, membro da Academia Luso-Brasileira de Letras. Possui graduação em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1977); graduação em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1982); mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1987), e doutorado em Teologia pela mesma Universidade (1999). Tem larga e festejada experiência na área de Teologia, com ênfase em Antropologia Teológica e Teologia Pastoral, atuando principalmente nos seguintes temas: evangelização, inculturação, pastoral urbana, teologia e urbanização. Atualmente é professor no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Foi nomeado Bispo Titular de “Carmeiano” e Auxiliar de nossa Arquidiocese.

Padre Paulo Alves Romão

O Padre Paulo Alves Romão, nascido a 6 de abril de 1964, em Barra do Jacaré, Diocese de Jacarezinho, Estado do Paraná, é também do clero arquidiocesano. Obteve o grau de bacharel em Filosofia na Faculdade Eclesiástica João Paulo II (1991-1992) e de bacharel em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro (1993-1997). Alcançou o grau de mestre (1997-1998) e de doutor em Teologia Sistemática Pastoral (2007-2012) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com a tese A estrutura sacramental na história salvífica: estudo comparado Edward Schillebeekx e Luigi Giussani. Foi ordenado sacerdote em 28 de junho de 1997 pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, na qual exerceu as seguintes funções: Diretor espiritual do Seminário Arquidiocesano São José (1997-1999); Professor do Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro; Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1998-2016); Responsável diocesano do Movimento Comunhão e Libertação (2001-2016); Diretor do Departamento de Ensino Religioso da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (2002-2016); Professor do Instituto Superior de Ciências Religiosas (2004-2005); Responsável pela Pastoral da Educação desta Arquidiocese (2009-2016); Pároco da Paróquia Bom Pastor (2011-2016) e Diretor espiritual do Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos (2016). Foi nomeado Bispo Titular de “Calama” e Auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

A missão do Bispo

Lembramo-nos de uma antiquíssima tradição da Igreja, que diz estar ela congregada ou reunida em torno de seu Pastor, segundo Santo Inácio de Antioquia, no início do século II, ao escrever: “Sem o Bispo não é permitido nem batizar nem celebrar o ágape (Eucaristia). Tudo, porém, que ele aprovar seja agradável a Deus, para que tudo quanto se fizer, seja seguro e legítimo”. (Carta aos Esmirnenses, 8)

Cada um se torna Bispo em uma celebração onde devem estar presentes um Bispo como sagrante principal e outros co-sagrantes, demonstrando, assim, apoio e fraternidade colegial com o recém-sagrado (cf. cânon 1014).

A função do Bispo é ser, antes e acima de tudo, Pastor, aquele que cuida de suas ovelhas, especialmente as mais feridas e necessitadas em suas periferias existenciais. Ele não é o “homem de gabinete”, mas, sim, aquele que está no meio do seu povo dando exemplo do serviço, pois se é tido como o primeiro ou o maior, então deverá ser aquele que a todos serve (cf. Lc 22,27).

Aliás, o Papa Francisco voltou a lembrar, recentemente, no Jubileu dos Núncios Apostólicos, que eles (os Núncios) devem indicar Bispos com o seguinte perfil para os dias de hoje: “testemunhas do Ressuscitado e não portadores de currículos; Bispos orantes, familiarizados com as coisas do ‘alto’ e não esmagados pelo peso do ‘baixo’; Bispos capazes de entrar ‘com paciência’ na presença de Deus, de modo a possuir a liberdade de não atraiçoar o Querigma que lhes foi confiado; Bispos pastores e não príncipes e funcionários. Por favor”! (Discurso do Papa Francisco aos participantes do Encontro dos Núncios Apostólicos, de 17/09/16, www.vatican.va).

Ao Bispo não cabe apenas a preocupação “com os de dentro”, mas também com as ovelhas feridas e dispersas, especialmente para com aqueles que abandonaram os sacramentos, a participação na comunidade, a oração, a fé... Os fiéis de outros ritos ou os irmãos de outras confissões religiosas, promovendo o sadio ecumenismo, o interesse por buscar os não batizados, bem como ser um verdadeiro pai ao seu presbitério: é preciso ouvi-los e ampará-los, especialmente nos momentos mais difíceis de suas vidas (dificuldades pessoais, pastorais, crises diversas etc.), além de trabalhar na pesca das vocações sacerdotais, consagradas e leigas de que a Igreja tanto necessita.

Tem o Bispo diocesano e os auxiliares com ele – em profunda sintonia – a missão tríplice de: 1) evangelizar e defender a ortodoxia da fé; 2) santificar, trabalhando com redobrado ardor a fim de que os fiéis cresçam na graça divina, além do mais, de dar exemplo de uma vida santa, caridosa, humilde, simples, rezando pelo seu povo, e 3) como governante da Diocese cabe-lhe o poder executivo, legislativo e judiciário, a fim de que seja promovido o bem comum e os trabalhos pastorais necessários entre os seus, de acordo com a realidade na qual ele está inserido.

Recordo as palavras do Papa Francisco: “O povo percorre com dificuldade a planície do dia-a-dia, e precisa ser guiado por quem é capaz de ver as coisas do alto. Por isso, nunca devemos perder de vista as necessidades das Igrejas particulares às quais devemos providenciar. Não existe um Pastor standard para todas as Igrejas. Cristo conhece a singularidade do Pastor de que cada Igreja necessita para que responda às suas necessidades e a ajude a realizar as suas potencialidades. O nosso desafio é entrar na perspectiva de Cristo, tendo em consideração esta singularidade das Igrejas particulares”. (Discurso do Papa Francisco na Reunião da Congregação para os Bispos, 27/02/14, www.vatican.va).

Nós, Bispos, devemos ser testemunhas do Ressuscitado. “Quem é uma testemunha do Ressuscitado? É quem seguiu Jesus desde o início e é constituído com os Apóstolos testemunha da sua Ressurreição. Também para nós é este o critério unificador: o Bispo é aquele que sabe tornar atual tudo o que aconteceu a Jesus e, sobretudo, sabe, juntamente com a Igreja, fazer-se testemunha da sua Ressurreição. O Bispo é, antes de tudo, um mártir do Ressuscitado. Não uma testemunha isolada, mas juntamente com a Igreja. A sua vida e o seu ministério devem tornar credível a Ressurreição. Unindo-se a Cristo na cruz da verdadeira entrega de si, faz jorrar para a própria Igreja a vida que não morre. A coragem de morrer, a generosidade de oferecer a própria vida e de se consumir pelo rebanho estão inscritos no ‘DNA’ do episcopado. A renúncia e o sacrifício são conaturais com a missão episcopal. A renúncia e o sacrifício são congênitos à missão episcopal. O episcopado não é para si, mas para a Igreja, para a grei, sobretudo para aqueles que segundo o mundo são descartáveis” (idem).

Deve o Bispo ser o homem do anúncio, da oração e, o Pastor, aquele que não teme se sujar pelas ovelhas próximas ou perdidas. Aquele desejoso de gastar-se pelo Reino de Deus, que é a Igreja no meio do seu Povo, cheio de tantos desafios e dificuldades. Estamos, hoje, às voltas com a corrupção, desempregos, salários atrasados por conta de vários fatores a não poucas pessoas e, com isso, gente passando necessidades, caos na saúde, na educação, na falta de moradia, na segurança, enfim, são as periferias sociais e as existenciais (angústias, depressão, falta de fé etc.) que se encontram diante do Bispo e pedem dele uma palavra e uma ação.

Reina ainda a banalização da vida, nos contextos que o Papa João Paulo II chamou de “cultura da morte” e Francisco tem alcunhado de “cultura do descartável”. E aqui pensamos em todos os excluídos da vida sem culpa própria, como aqueles que no ventre materno se acham ameaçados de morte, com o aval do Estado, ou os doentes em fase terminal abandonados por falta de cuidados, às vezes em situações piores do que a de países em guerra declarada. Esta é um pouco da realidade que espera nossos novos auxiliares, mas, certamente, a graça de Deus nunca lhes faltará.

Não poderia deixar de lembrar que na Festa de São Paulo Apóstolo, há três dias celebrado, em que Ananias, homem piedoso e fiel à Lei, com boa reputação junto de todos os judeus que moravam em Damasco, disse a Paulo: “O Deus de nossos antepassados escolheu-te para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires a sua própria voz” (cf. At 22, 14).

Caros D. Joel e D. Paulo, escolhidos para, como bispos, fazerem a vontade de Deus: os senhores “serão a sua testemunha diante de todos os homens, daquilo que viste e ouvistes”! (cf. At 22,15).

Por fim, gostaria de pedir ao nosso querido Povo de Deus que acolha com alegria, entusiasmo e gratidão ao Senhor os nossos novos Bispos Auxiliares. Eles vêm nos ajudar a caminhar melhor.

Sejam bem-vindos! Nós os acolhemos como bons operários da vinha do Senhor nesta Igreja Particular do Rio de Janeiro!

 

28/01/2017 - Atualizado em 30/01/2017 14:49

Formação - Muitos têm fome de Jesus

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Veja o que fazem as abelhas, é uma perfeição, uma maravilha! Elas fazem um trabalho organizadíssimo, conjugado, planejado, muito bem projetado. A partir do favo, e cada um já é uma perfeição geométrica, elas trabalham e enchem-o de mel.

Primeiro é alimento para elas. Mas graças a Deus, que dá a capacidade de produzirem mel de forma esbanjada, elas não conseguem comer todo o mel que produzem. É mel para muita gente!

As pessoas de Deus são como abelhas, elas vão às flores e trabalham, produzindo muito mais do que é necessário para si.

Na verdade, nós não estamos buscando Deus por um motivo egoísta, apenas para nos saciar, não! Nós precisamos buscar essa intimidade, esse contato com Deus.

Se a abelha não tem um contato íntimo com o pólen das flores, levando esse pólen, colocando-o lá e trabalhando nele, o mel não fica pronto sozinho. É como preparar um alimento. Sim, há um tipo de abelha como se fosse cozinheira, que fica trabalhando aquele produto, aquela matéria-prima para se tornar o mel. Não é um passe de mágica. Há um trabalho de transformação que elas fazem!

Deus está mostrando que isso é o nosso trabalho. Ele dá a nós a operosidade do Espírito, para que tenhamos intimidade com o Senhor. Esse intimismo necessário produz um alimento maravilhoso e abundante para uma multidão que está esfomeada.

Nós precisamos ser íntimos de Jesus. Como gritaram os gregos aos apóstolos que chegaram até Filipe: Nós queremos ver Jesus! No sentido de chegar próximo, conversar com Jesus e entrar em Seu coração, conhecer seus segredos. O mundo e o Brasil estão com fome de Deus!

O Senhor está investindo na última evangelização. É o tempo em que Ele está disposto a perdoar a todos e transformar a vida daqueles que quiserem. Somos chamados a nos comprometer por inteiro na evangelização. Essa é a parte mais linda de nossa missão, pois trabalhamos em estreita colaboração com a pessoa e com Deus.

30/01/2017 - Atualizado em 30/01/2017 15:18

Notícia - Fiéis de Madureira celebram São Brás

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Os fiéis da Paróquia São Brás, em Madureira, estão vivendo uma extensa programação em preparação aos festejos do padroeiro, que começou no dia 16 de janeiro com o Cerco de Jericó. Entre os dias 16 e 22 aconteceram ações de evangelização e, na sequência, a Semana Missionária, entre os dias 22 e 29. A novena começou dia 25 de janeiro e vai até o dia 2 de fevereiro, e no dia 3, festejará solenemente o seu padroeiro.

Madureira impactada pelo Evangelho

A preparação para os festejos de São Brás se deu em três etapas. O Cerco de Jericó teve como tema “Esperei confiantemente no Senhor e Ele se inclinou para mim, atendendo a minha súplica” (Sl 40,2). As celebrações e momentos de oração foram animadas pela Comunidade Maria Serva da Trindade. Nos dias 16, 21 e 22, simultaneamente ao Cerco de Jericó, aconteceu a missão externa, através das ações de evangelização, que ocorreram em três locais de grande concentração de pessoas, no coração de Madureira, um dos bairros mais cariocas do subúrbio da cidade, na Zona Norte.  Animadas pelos consagrados da comunidade ‘Do caos à Glória’, as ações foram realizadas no Mercadão, no Madureira Shopping Rio e, por fim, no Parque de Madureira.

A segunda etapa foi a Semana Missionária, animada pelos servos da comunidade ‘Palavra Viva’, com visitas de casa em casa por todo o bairro. O conteúdo das visitas foi composto pelas reflexões que sobressaíram no Cerco de Jericó. Durante a semana, eram realizadas diversas ações na paróquia, como momentos de oração, recitação do Ofício da Imaculada, dos Terços da Libertação e da Misericórdia, adoração ao Santíssimo, confissões e direção espiritual. Houve ainda missas para os enfermos. 

A Semana Missionária foi também um momento de convergência com a proposta do Ano Mariano, que é de dar toda atenção pastoral às famílias. Nesse sentido, a missão foi realizada na paróquia e nas casas. A Semana Missionária contou também com atividades direcionadas para as crianças, os casais e os jovens. Para esses segmentos, houve um Lual Eucarístico e atividades de convivência. No domingo, dia 29, na paróquia, ao longo de todo o dia, haverá atividades para os casais (namorados, noivos e casados em primeira e segunda união). Tanto os núcleos familiares como os membros em seus respectivos segmentos foram alcançados pela ação missionária. 

Animação pelas Novas Comunidades 

Segundo o pároco da Paróquia São Brás, que também é vigário episcopal do Vicariato Suburbano, padre Nivaldo Alves, um dos motivos do êxito da preparação para a festa do padroeiro foi a colaboração das Novas Comunidades “interagindo com a Paróquia São Brás, promovendo e animando momentos de oração na matriz, rezando e atendendo as pessoas”.

Sendo Madureira um centro comercial e um bairro muito movimentado, padre Nivaldo admite que “a importância dessa evangelização, antes da festa do nosso padroeiro - agora especialmente amparados pela presença das Novas Comunidades - é de verdadeiramente alcançar os afastados, sobretudo os católicos que não conhecemos e de outras paróquias que por aqui passam. Também de ir ao encontro dos doentes, não só os que são atendidos pelos ministros da Sagrada Comunhão, mas encontrar outros que nós não conhecemos, e fazer grandes momentos de evangelização com as visitas  às comunidades”, ressaltou o pároco.

Festa do padroeiro

A terceira etapa da preparação corresponde à Novena de São Brás, que teve início no dia 25, ainda dentro da Semana Missionária, e se estende até o dia 2 de fevereiro. Em todas as noites da novena acontece a saída de três procissões de diferentes pontos da comunidade paroquial. De regresso, após o percurso, os fiéis encontram-se na matriz para a missa. Nas procissões e também na liturgia, a Comunidade Palavra Viva anima os devotos de São Brás. No dia 27, a missa das 19h foi presidida pelo bispo auxiliar Dom Antonio Augusto Dias Duarte. No dia 30, por Dom Luiz Henrique da Silva Brito.

A novena terminará no dia 2 com uma grande concentração no Mercadão de Madureira, às 18h. 

Quando a Igreja celebra a memória de São Brás, que foi bispo e mártir, no dia 3 de fevereiro, serão realizadas celebrações de duas em duas horas, das 6h às 20h, ainda com almoço e quermesse. 

Dom Roque Costa Souza celebrará às 8h, Dom Joel Portella Amado às 12h, Dom Paulo Alves Romão às 16h e o Cardeal Orani João Tempesta, às 20h, numa missa solene.

Serviço

A Paróquia São Brás está localizada na Rua Andrade Figueira, 158, em Madureira. Outras informações pelo telefone: 3390-3438 ou pelo e-mail: saobrasmadureira@gmail.com.

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Fotos: Pascom

30/01/2017 - Atualizado em 30/01/2017 15:39

Formação - Novos Bispos para o Rio

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Sábado, dia 28 de janeiro, memória de Santo Tomás de Aquino, tive a graça de ordenar dois novos bispos auxiliares para a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro: D. Joel Amado Portela e D. Paulo Alves Romão, que se juntarão aos demais bispos auxiliares para nos ajudarem a pastorear o povo santo de Deus nesta nossa grande, bela e complexa cidade.

A Igreja tem a missão de anunciar e propagar o Reino de Deus até os extremos confins da Terra, a fim de que todos os homens creiam em Cristo e assim tenham a vida eterna. A Igreja é, portanto, anunciadora da misericórdia. É dessa missão que brotam as tarefas, a luz e as forças que podem contribuir para construir e consolidar a comunidade dos homens segundo a Lei divina.

O Bispo é o princípio visível de unidade na sua Igreja; é chamado a edificar incessantemente a Igreja particular na comunhão de todos os seus membros e, destes, com a Igreja universal, vigiando a fim de que os diversos dons e ministérios contribuam para a comum edificação dos crentes e com a difusão do Evangelho.

Como mestre da fé, santificador e guia espiritual, o Bispo sabe que pode contar com uma especial graça divina, conferida na ordem episcopal. Tal graça o sustenta no seu consumir-se pelo Reino de Deus, pela salvação eterna dos homens e também no seu empenho para construir a história com força do Evangelho, dando sentido ao caminho do homem no tempo.

O Bispo, diante de si mesmo e dos seus deveres, tem presente como centro que delineia a sua identidade e a sua missão o mistério de Cristo e as características que o Senhor Jesus quer para a sua Igreja, “povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (LG, 4). É, de fato, à luz do mistério de Cristo, Pastor e Bispo das almas (cf. 1Pd 2,25), que o Bispo compreende sempre mais profundamente o mistério da Igreja, na qual a graça da ordenação episcopal o colocou como mestre, sacerdote e pastor para guiá-la com a sua mesma autoridade.

Uma das mais belas figuras do bispo é a do Bom Pastor, pois ela ilustra o conjunto do ministério episcopal enquanto manifesta o seu significado, a sua finalidade, o seu estilo e o seu dinamismo evangelizador e missionário. Cristo Bom Pastor indica ao Bispo a fidelidade cotidiana à própria missão, a plena e serena consagração à Igreja, a alegria de conduzir para o Senhor o Povo de Deus que lhe é confiado e a felicidade em acolher na unidade da comunhão eclesial todos os filhos de Deus dispersos (cf. Mt 15, 24; 10,6).

O Bom Pastor ofereceu a vida pelo rebanho (cf. 10,11) e veio para servir e não para ser servido (cf. Mt 20,28). Além disso, aí se encontra a fonte do ministério pastoral pelo qual as três funções: de ensinar, santificar e governar devem ser exercitadas com os traços característicos do Bom Pastor. Para desenvolver o ministério episcopal fecundo, o Bispo é chamado a conformar-se com Cristo de maneira toda especial na sua vida pessoal e no exercício do ministério apostólico, de tal forma que o “pensamento de Cristo” (1Cor 2,16) penetre totalmente as suas ideias, os seus sentimentos e os seus comportamentos, e a luz que provém do rosto de Cristo ilumine “o governo das almas, que é a arte das artes”. (“Regula Pastoralis” de São Gregório Magno, 1).

Quando o Papa Francisco esteve no Brasil por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, ele fez um discurso aos Bispos do Brasil no dia 27/07/2013. Na ocasião, o Papa Francisco retomou o que tinha dito antes, em Roma, aos Núncios Apostólicos, sobre os critérios a seguir ao preparar as listas dos candidatos ao serviço do episcopado. Segundo o Papa Francisco: “Os Bispos devem ser Pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos, com grande mansidão: pacientes e misericordiosos. Homens que amem a pobreza, quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida. Homens que não tenham “psicologia de príncipes”. (Retirado do site: http://centroloyola.org.br/revista/outras-palavras/desdobramentos/393-discurso-do-papa-ao-episcopado-brasileiro-coragem-para-mudar-estruturas. Último acesso: 26/01/2017).

“Homens capazes de vigiar sobre o rebanho que lhes foi confiado e cuidando de tudo aquilo que o mantém unido: vigiar sobre o seu povo, atento a eventuais perigos que o ameacem, mas, sobretudo, para fazer crescer a esperança (o Bispo tem que cuidar da esperança do seu povo): que haja sol e luz nos corações. Homens capazes de sustentar com amor e paciência os passos de Deus em seu povo. E o lugar do Bispo para estar com o seu povo é triplo: ou à frente para indicar o caminho, ou no meio para mantê-lo unido e neutralizar as debandadas, ou então atrás para evitar que alguém se atrase, mas também e fundamentalmente, porque o próprio rebanho tem o seu faro para encontrar novos caminhos”. (Retirado do site: http://centroloyola.org.br/revista/outras-palavras/desdobramentos/393-discurso-do-papa-ao-episcopado-brasileiro-coragem-para-mudar-estruturas. Último acesso: 26/01/2017).

Como tive ocasião de dizer na homilia da Missa de Consagração: D. Joel Portela Amado e D. Paulo Alves Romão, como bispos se abrem à universalidade, embora provenham de situações bem concretas, porém agora não mais pertencem a um movimento, espiritualidade, grupo pastoral ou a uma paróquia, mas sim à Igreja em sua universalidade concretizada na Arquidiocese. São chamados a ser sinais da unidade da Igreja em comunhão perfeita e íntima com o seu Arcebispo, com os demais bispos da arquidiocese, com o regional e toda a Igreja do Brasil – consequentemente unido ao sucessor de Pedro e a toda a catolicidade da igreja. Serão homens da Igreja em favor do povo de Deus, procurando servir aos que mais sofrem e que vivem nas “periferias existenciais”.

D. Joel Portela Amado escolheu como lema: “Omnibus omnia propter Evangelium”,“Tudo para todos pelo Evangelho”. (1Cor 9,22) e D. Paulo Alves Romão escolheu como lema: “Vivere Christus est”,“Viver é Cristo”. (Fl 1,21). Aí está o resumo da caminhada episcopal: viver para Cristo e consumir-se pelo rebanho!

Que o Senhor nos conceda transmitir e ser para o povo a figura do Bom Pastor, acolhendo, servindo, indo ao encontro das ovelhas, em especial da desgarradas e colocando todos no caminho de Cristo Jesus.

 

30/01/2017 - Atualizado em 30/01/2017 16:54

Notícia - Papa: "Não tenhamos medo de encontrar o olhar de Jesus sobre nós"

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As leituras do dia nesta 4ª semana no Tempo Comum inspiraram o Papa Francisco na homilia da missa matutina de terça-feira, dia 31 de janeiro, na Casa Santa Marta.

Ouça a reportagem na íntegra.

Dirigindo-se aos participantes, o Pontífice iniciou recordando que a Carta aos Hebreus nos exorta a correr na fé com “perseverança, mantendo o olhar fixo em Jesus”. Já no 5º capítulo Evangelho de Marcos, “é Jesus que nos olha e percebe que estamos ali. Ele nos está próximo, está sempre no meio da multidão”, explicou o Papa.

“Não está com os guardas que fazem escolta, para que ninguém o toque. Não, não! Ele fica ali, comprimido entre as pessoas. E toda vez que Jesus saia, tinha mais gente. Especialistas de estatísticas poderiam até ter noticiado: “Cai a popularidade do Rabí Jesus”... Mas ele procurava outra coisa: procurava as pessoas. E as pessoas o procuravam. O povo tinha os olhos presos Nele e Ele tinha os olhos presos nas pessoas. “Sim, sim, no povo, na multidão”, “Não, não, em cada um!” É esta a peculiaridade do olhar de Jesus. Jesus não massifica as pessoas; Ele olha para cada um”.

Pequenas alegrias

O Evangelho de Marcos narra dois milagres: Jesus cura uma mulher que tem hemorragias há 12 anos e que, no  meio da multidão, consegue tocar sua roupa. Ele percebe que foi tocado e depois, ressuscita a filha de 12 anos de Jairo, um dos chefes da Sinagoga. Ele observa que a menina está faminta e diz aos pais que lhe deem de comer:

“O olhar de Jesus passa do grande ao pequeno. Assim olha Jesus: olha para nós, todos, mas vê cada um de nós. Olha os nossos grandes problemas, percebe as nossas grandes alegrias e vê também as nossas pequenas coisas... porque está perto. Jesus não se assusta com as grandes coisas e leva em conta também as pequenas. Assim olha Jesus”.

Se corrermos “com perseverança, mantendo fixo o olhar em Jesus” – afirma o Papa Francisco – acontecerá conosco o que aconteceu com as pessoas depois da ressurreição da filha de Jairo, que ficaram todas admiradas:

“Vou, vejo Jesus, caminho avante, fixo o olhar em Jesus e o que vejo? Que Ele tem o olhar sobre mim! E isto me faz sentir um grande estupor: é a surpresa do encontro com Jesus. Mas não tenhamos medo! Não tenhamos medo, assim como não o teve aquela senhora que foi tocar o manto de Jesus. Não tenhamos medo! Corramos neste caminho, com o olhar sempre fixo em Jesus. E teremos esta bela surpresa, que nos encherá de estupor. O próprio Jesus com os olhos fixos em mim”. 

Foto: Site oficial da RV

31/01/2017 - Atualizado em 31/01/2017 09:37

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