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Cáritas Rio: protagonista de uma nova históriaNotícia - Cáritas Rio: protagonista de uma nova história

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Cáritas Rio: protagonista de uma nova história

Desde que os primeiros angolanos chegaram ao Brasil, na década de 90, o perfil de milhares de refugiados mudou. Se antes os estrangeiros tinham uma permanência de três meses por conta do regime político da época, agora chegam ao Brasil para ficar e começar uma nova história. De lá pra cá, através da Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, mais de 19 mil refugiados foram acolhidos. Só no ano de 2015 cerca de 3.900 estrangeiros foram assistidos, com destaque para os países da República Democrática do Congo, Angola, Síria e Colômbia.

Ao chegar ao Brasil, os estrangeiros encontram aqui a possibilidade de recomeçarem a vida, e é neste contexto que o refugiado ou solicitante de refúgio chega à Cáritas RJ, muitas vezes através da Polícia Federal, do Conare ou até mesmo por alguém que o indicou. A partir daí, o trabalho desenvolve-se em três eixos: acolhida, proteção e integração local.

A acolhida diz respeito à chegada do solicitante à instituição e visa estabelecer uma relação de confiança. É o primeiro passo para providenciar a formalização do pedido, seguido de atendimento as necessidades mais urgentes, como abrigamento, alimentação, saúde, higiene e vestuário. O segundo passo é a proteção legal. A proteção dos refugiados cabe ao Estado, que, por meio do Conare, determina se uma solicitação de refúgio é passível ou não de reconhecimento. O principal objetivo é garantir proteção dessas pessoas, e assegurar que não serão devolvidas ao país de origem.

O terceiro eixo é a integração local, proporcionando condições para que o estrangeiro se integre à sociedade. Para cumprir este objetivo, a Cáritas RJ busca estabelecer parcerias com instituições públicas em diversas áreas, que possibilitam o acesso dos refugiados ao ensino do idioma, ao mercado de trabalho, à formação educacional, a atividades de cultura e lazer, à assistência social e ao atendimento à saúde. São trabalhos desenvolvidos para que num período de seis meses, aproximadamente, os refugiados possam conseguir ter autonomia e dignidade.

Mas no caso das mulheres, há uma atenção especial. Com o aumento de refugiados do sexo feminino, a integração local leva um pouco mais de tempo. Em 2015, de 3.900 estrangeiros, 1.163 foram mulheres. É um dado novo. Cada vez mais mulheres se aventuram em busca de uma vida sem derramamento de sangue. A coordenadora do programa de atendimento aos refugiados da Cáritas RJ, Aline Thuller, ressalta que a mulher, sobretudo, as grávidas têm outra preocupação. “Quando ela chega grávida, com certeza, ela vai levar mais tempo para se inserir nas realidades locais porque ela tem outra demanda. Muitas chegam com 7 e 8 meses de gestação. Portanto, aprender o idioma não é prioridade, por exemplo. Elas querem saber se o bebê está bem, se vão conseguir o enxoval. São outras urgências, e a integração vai demorar mais.” Já para o homem, o jovem, ou ainda a mulher solteira todo esse processo é dentro do prazo estimado.

Com o aprendizado do idioma, rapidamente os refugiados se integram ao mercado de trabalho, porém nem sempre é a vaga dos sonhos, mesmo para aqueles que têm formação profissional. Quando chegam ao Brasil, conseguem um trabalho mais operacional, com uma remuneração menor. Mas, a Cáritas RJ dá o direito de sonhar através das parcerias de capacitação profissional, possibilitando o aprimoramento da aprendizagem e, aos poucos, a integração em novos espaços.

O programa de atendimento aos refugiados da Cáritas RJ conta com 21 profissionais, como advogados, assistentes sociais e psicólogos, e com um quadro de 60 voluntários, dentre eles: agentes de proteção, professor de português. O voluntário Rodrigo (nome fictício) foi atleta e viveu por muito tempo no exterior, convivendo com várias realidades culturais. Hoje dá aula de português e conta o quanto é recompensado pelo o que faz. “Acredito que conhecimento é patrimônio da humanidade, e eu adoro ensinar, é prazeroso. Antes de dar aula de português para refugiados, eu dava aula de matemática em comunidades. Cada dia que venho pra cá saio com um prêmio”.

Ao falar dos 40 anos da instituição, o representante interino do Acnur no Brasil, Agnes Castro-Pita, destacou o trabalho como uma missão de todos. “A Cáritas somos todos nós, toda a sociedade em geral: os brasileiros e não brasileiros. É fazer o melhor, o que está a nosso alcance para que os refugiados que estão neste país possam viver no Brasil em condições de segurança e dignidade. Desse jeito teríamos um efeito multiplicador do trabalho que a Cáritas já realiza”.

Neste contexto, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, sempre muito atento aos acontecimentos mundiais, destacou o comprometimento humanitário.

“Esse trabalho é um profetismo, pois estamos em um mundo com irmãos e irmãs. Somos chamados a nos ajudar mutuamente, darmos as mãos e a promovermos um mundo de fraternidade. Creio que, nesse aspecto, regiões do mundo de hoje se fecham às necessidades das pessoas, colocam barreiras nas fronteiras. É para nós uma grande responsabilidade enquanto cristãos sermos sinais de acolhimento, de fraternidade, de responsabilidade com aquele que necessita ser acolhido como irmão e que possui várias necessidades, sejam políticas, econômicas e sociais. A Cáritas Arquidiocesana continua com essa missão; sabe que desempenha um sinal profético. Em seus 40 anos de trabalho, devemos agradecer a todos que serviram e servem desde a época de Dom Eugenio até hoje, a toda diretoria, voluntários e funcionários. Tenho certeza que muitos que passaram pela Cáritas são agradecidos por terem sido vistos como irmãos”.

CÁRITAS RIO: NOVO TEMPO
A Cáritas RJ trabalha em várias frentes de ajuda aos que sofrem, bem como aos que passam por situações emergenciais. Seu trabalho é amplo. Como já falamos nesta edição, a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro é um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e está inserida na Arquidiocese do Rio de Janeiro. Tem como princípio a solidariedade e os direitos humanos, garantindo proteção e dignidade, sobretudo aos excluídos da sociedade.

A instituição trabalha com diversos programas e projetos para atender desde a criança e ao idoso, como a Pastoral da Criança, Pastoral da Terceira Idade. Atua nas emergências e calamidades, animação de obras sociais paroquiais, trabalho em saúde comunitária, educação preventiva, mutirões comunitários. O presidente da Cáritas RJ, cônego Manuel Manangão, recordou o documento do Papa emérito Bento XVI, “Deus Caritas est” para falar da ação social desenvolvida pela instituição. “Deus é caridade, Deus é amor. Quando você vê a caridade em ação, você vê a trindade, você vê a ação de Deus. A Cáritas tem uma missão de ser, no meio da sociedade, como um braço social da Igreja”.

Parcerias são realizadas para que cada vez mais haja uma contribuição efetiva no resgate da dignidade humana. Para este ano, uma parceria de 15 projetos foi firmada com a Adveniat, que poderá atender desde a população de rua às mulheres marginalizadas. O presidente da Cáritas RJ ainda destacou. “Há uma rede de cooperativas que a gente vem acompanhando e formalizando para que as pessoas, nesse mundo em que estamos vivendo diante da realidade do Brasil, possam ter possibilidades. E hoje é uma atividade da Cáritas”.

Além disso, para os próximos anos, pequenos passos já estão sendo dados. “A Cáritas é a entidade que vai se tornando pouco a pouco responsável pela ação social. A pastoral continua própria de cada um, de cada ação eclesial da Igreja, mas o lado organizativo, o lado de implementação pouco a pouco vai sendo passado para a instituição”, conclui Cônego Manangão.Fátima Lima, Diogo Félix e Juliana Oliveira

ENDEREÇO CÁRITAS ARQUIDIOCESANA DO RIO DE JANEIRO
Rua: São Francisco Xavier, 483 – Maracanã
Tel: 2567-4105
Rede social: facebook.com/caritasrj





PARCEIROS DA CÁRITAS RIO:
• Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
• Arquidiocese do Rio de Janeiro
• Associação Brasileira de Odontologia
• Benassi
• Centro de Estudos Supletivos
• Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB
• Comitê Estadual Intersetorial de Políticas de Atenção aos Refugiados
• Conselho Estadual Comunidade Solidária
• Defensoria Pública da União do Rio de Janeiro
• Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro
• Faculdade Universo
• Faculdade do Senac
• Fórum de Justiça
• Fundação Getúlio Vargas
• Fundação Leão XIII
• Fundação São Martinho
• Hospital dos Servidores do Estado (HSE):
• Hospital Universitário Pedro Ernesto
• ID Logistics
• Instituto Metodista do Rio de Janeiro / Bennett
• Instituto Noos
• JFC
• Mauri do Brasil
• Ministério da Justiça/Conare
• Misereor
• Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos
• Secretaria Estadual da Educação
• Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social
• Serviço Nacional da Indústria
• Serviço Nacional do Comércio
Serviço Social do Comércio
• Setrab
• Universidade Veiga de Almeida



Foto: Carlos Moioli 

18/04/2016 - Atualizado em 18/04/2016 17:30


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