Com o objetivo de buscar soluções para os desafios encontrados relacionados à Nova Evangelização, o presidente da CNBB e arcebispo de Brasília, Cardeal Sergio da Rocha, iniciou sua conferência relembrando alguns aspectos históricos a partir da pergunta: “Como o Brasil acolheu ou tem acolhido a proposta de uma Nova Evangelização?”.
Segundo o cardeal, após um dos maiores acontecimentos dos últimos tempos na vida da Igreja, o Concílio Vaticano II, em 1961, viu-se a necessidade de se criar um novo método pastoral.
“A Igreja no Brasil, acolhendo o ensinamento do Concílio Vaticano II, sentiu a necessidade de redobrar os esforços para cumprir a sua ação pastoral. O ‘novo’, num primeiro momento, além da acolhida da visão eclesiológica do Concílio, se expressou através de uma nova metodologia pastoral que incluía a elaboração de um Plano Pastoral para toda a Igreja no Brasil”, disse.
Ainda de acordo com ele, mudança requer novos métodos. A Palavra de Deus continua sendo a mesma, porém é necessário reconsiderar as situações atuais para que, dessa forma, ela possa alcançar tanto os que não conhecem a Cristo, como aqueles que são batizados, mas precisam ser renovados na fé.
“A nova realidade em mudança, com transformações rápidas, constantes e profundas, exige novos métodos. O Evangelho é o mesmo, mas há a necessidade de considerar os novos contextos socioculturais. A ação pastoral requer unidade, decorrente da própria unidade da Igreja: evangelização ou pastoral como ação da Igreja e não como algo particular. Daí a necessidade de planejar, em conjunto, a ação pastoral. Não bastam iniciativas espontâneas e diversificadas”, acrescentou.
Nova evangelização: Desafios e Perspectivas
Neste ponto, o cardeal afirma que são muitos os atuais desafios e as propostas para uma Nova Evangelização na Igreja no Brasil. Segundo ele, os obstáculos são destacados a partir de três âmbitos da nova evangelização, conforme a “Evangelii Gaudium”: a ação pastoral ordinariamente voltada para os católicos que participam da Igreja; as pessoas batizadas que, porém não vivem as exigências do Batismo; a proclamação do Evangelho àqueles que não conhecem Jesus Cristo ou que sempre O recusaram.
Para Dom Sergio, o objetivo da Nova evangelização é transmitir a fé, porém, sem buscar respostas imediatistas.
“A sua finalidade é a “transmissão da fé cristã”, conforme o próprio tema sinodal, sem cair numa visão pastoral imediatista ou pragmática que busca resultados a qualquer custo. É importante considerar que a fé, sem cair numa visão pastoral imediatista ou pragmática que busca resultados a qualquer custo. É importante considerar a fé, conforme o Catecismo da Igreja Católica, se expressa como fé professada, fé celebrada e fé vivida. Isso exige uma abordagem ampla, com uma ação evangelizadora que procura contemplar os vários aspectos da fé”, disse.
Cuidado Pastoral da Comunidade
De acordo com o cardeal, o “âmbito da pastoral ordinária”, voltada para os católicos que participam da Igreja, é uma necessidade permanente. Ele ressaltou alguns aspectos que fazem repensar a metodologia ordinariamente adotada.
“Há a necessidade de revalorizar a liturgia e de fazer a comunidade como espaço de experiência de Deus; de valorizar a vida comunitária; a importância da formação de comunidades territoriais ou ambientais nas paróquias; a formação de lideranças locais; a valorização dos leigos e dos movimentos eclesiais e das pastorais; a presença orante e solidária junto aos fiéis que mais sofrem; a relação “Igreja e política” ou “católicos e política”; uma atenção maior a Iniciação Cristã; além da renovação do clero, bem como da vida religiosa”, destacou.
Católicos que não vivem o Batismo
Neste âmbito, o presidente da CNBB refere-se às pessoas batizadas que, porém não vivem as exigências do Batismo e, portanto, não participam ordinariamente da vida da Igreja local. Para ele, muitos restringem a este âmbito o significado da Nova Evangelização.
“Aqui nós encontramos a diversidade de situações pastorais; o panorama religioso local e nacional; o aprofundamento do papel da Igreja na vida das pessoas e na sociedade, sob o ponto de vista teológico-pastoral; e com atenção especial. o papel social da Igreja que exige considerar a dinâmica da sociedade atual, especialmente o atual contexto sociocultural”, observou.
Evangelização além-fronteiras: aqueles que não conhecem Jesus Cristo
Dom Sergio afirmou que a renovação missionária da Igreja, com uma nova evangelização, inclui a atenção as necessidades da Igreja local, mas exige a atuação além fronteiras, visando especialmente aqueles que não conhecem Jesus Cristo.
“Dentre os desafios e perspectivas deste âmbito, podemos ressaltar a evangelização com “novo ardor” e o cultivo de uma espiritualidade missionária dirigida a toda a comunidade, mas também a formação de missionários para atuarem além-fronteiras. O desenvolvimento das ações missionárias e projetos concretos; a valorização das diversas culturas na transmissão da fé; o resgate da proposta da Missão Continental e a evangelização através de gestos concretos de serviço”, completou.
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Foto: Gustavo de Oliveira
27/01/2017 - Atualizado em 27/01/2017 14:16